quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Impérios da Terceira














O culto do Espírito santo foi introduzido em Portugal no século XIII pela rainha Santa Isabel, uma devota de São Francisco e do espírito de simplicidade e generosidade desta ordem. Na idade média foram festas que se vulgarizaram adquirindo grande popularidade em Portugal. Havia um espírito de tolerância e convívio entre as três grandes comunidades religiosas que habitavam o território nacional. A reconquista era recente e muitos muçulmanos continuaram em território Cristão a exercer as suas actividades e os Judeus ainda não tinham começado a ser perseguidos pela Inquisição. Um menino era coroado imperador e nas vilas e aldeias de Portugal festejava-se distribuindo comida aos mais pobres. Uma pomba simbolizava o Espírito Santo e o menino Imperador, o filho de Deus e a inocência de um reino sem pecado.


Estas festas foram introduzidas nos Açores pelos seus povoadores e continuaram a celebrar-se até hoje, evoluindo e sofrendo alterações de ilha para ilha, transformando-se em festividades muito diferentes das que se praticavam na idade média em Portugal continental, onde se viria a perder  a tradição. No Brasil também se celebram estas festas em algumas regiões.



Actualmente são uma festividade que adquiriu características próprias nos Açores e são tão importantes que o feriado regional é o dia do Espírito santo, a segunda – feira após o domingo de Pentecostes. A ilha Terceira é provavelmente aquela onde esta celebração adquiriu características mais peculiares. Uma delas é os seus Impérios trabalhados e coloridos. Um Império é um pequeno edifício, uma espécie de capela, onde se encontra o altar do espírito Santo, composto por  uma coroa e uma bandeira com a pombinha (este dia também se chama o Dia da Pombinha). Anexada à capela existe geralmente um armazém onde se guardam os bens que serão distribuídos pela comunidade no dia da festa. Geralmente são diferentes tipos de pão, os nomes variam de ilha para ilha, e as sopas do Espírito santo. Um caldo, em que foi cozida carne de vaca, com pão.

Depois do dia do Espírito Santo celebram-se regularmente durante o Verão, pelas freguesias das ilhas, festas com o mesmo espírito de partilha e de convívio. Habitualmente têm bandas de música e um mordomo que organiza as festas do seu Império e que é o responsável pela aquisição dos bens a distribuir. Há variações de ilha para ilha na forma como elas decorrem. As festas do Espírito Santo são uma marca forte da Açorianidade e também se celebram onde existem comunidades de açorianos, principalmente nos Estados Unidos e Canadá. Nos dias de festa é ver bandas filarmónicas a desfilar tocando o hino do espírito santo, rosquilhas, pão doce, regueifas e sopas do Espírito santo em grandes mesas com dezenas (centenas até) de comensais.

Deixo as fotografias de muitos Impérios da ilha Terceira. São parte integrante da fisionomia da ilha.
















1 comentário:

Unknown disse...

Regresso hoje da manhã há primeira visita aos Açores e por acaso a Terceira foi a ilha eleita. Vim de lá deslumbrada com os impérios, as igrejas, a religiosidade e a saudade simpatia das pessoas. É definitivamente uma experiência a repetir. Adorei os impérios, quer do ponto de vista arquitectónico, quer do ponto de vista histórico.