domingo, 17 de abril de 2011

Percurso da Pateira



A Pateira de Fermentelos é uma das maiores lagoas naturais da Península ibérica, o seu nome deve-se à existência de uma grande quantidade da patos que, ao que consta, eram muito comuns e caçados no passado. Fermentelos é o nome de uma das freguesias do concelho de Águeda adjacente à lagoa, a par das freguesias de Óis da Ribeira e de Espinhel.

O percurso pedestre sinalizado pela Câmara de Águeda de acordo com as normas da Federação Portuguesa de Montanhismo e Pedestrianismo discorre apenas pela margem norte da lagoa, pelas freguesias de Óis e de Espinhel. Uma pequena parte do percurso afasta-se da lagoa para passar no centro de Espinhel e de Óis, retomando logo de imediato o seu trajecto junto às margens da lagoa ou do rio Águeda

A lagoa correu sérios riscos de Eutrofização, o excesso de Jacintos-da-água quase que a transformou num pântano. Recentemente a Câmara de Águeda iniciou a sua remoção e hoje é possível observar a superfície da lagoa livre destas plantas invasoras. Nos animais  existem igualmente espécies invasoras que se tornaram numa praga e hoje são mais comuns do que as espécies nativas, sendo os exemplos mais comuns o do achigã e o do lagostim.



O percurso é circular e com um comprimento máximo de 14 Km, optando pela realização dos prolongamentos ao embarcadouro do Cértima, igreja de Espinhel e ponte de Requeixo. Caso contrário, pode ser concluído com menos 4 km, ficando-se igualmente com uma panorâmica muito abrangente da paisagem envolvente. É  fácil, maioritariamente plano e com elevações pouco significativas. Possui muita sombra, tornando-se muito  aprazível em dias de sol como este.  
Os parques de merendas de Óis e de Espinhel são locais convidativos para descansar à sombra dos choupos e fazer pic-nics. Têm instalações bem cuidadas com mesas em madeira e fornos de churrasco. No parque de Óis existe um restaurante e uma rouloute que muito jeito deu no fim do percurso para beber um panaché bem fresquinho,  que bem que soube com o solzinho que esteve.



Não existem praias fluviais na pateira, as águas baixas e lodosas desaconselham qualquer tentativa de mergulho. Apenas é possível passear em bateira e remar outros tipos de embarcações.

A vegetação é variada. Apanhei algumas folhas de freixo, sem ter a certeza se o são, para dar às cabras de um vizinho. Se elas devorarem as folhas em menos de 2 segundos é porque definitivamente são folhas de freixo. As cabras são malucas por freixo, deitam a língua de fora, lambuzam-se, babam-se todas com ele.

Facilmente se observam várias espécies de aves. Sobre mim sobrevoou um par de aves de rapina de Tartaranhões-dos-pauis. Avistam-se  bandos de cegonhas, muito  comuns na paisagem e uma  imagem que fica guardada  dos passeios pelas estradas do baixo Vouga lagunar, com os ninhos  pousados em chaminés abandonadas,  nos pórticos da A29 e nos voos rasantes sobre as águas. Uma garça real pousada numa ilha de erva no rio Águeda levanta voo ao pressentir ruídos estranhos.



São inúmeros os rios que desaguam no Vouga junto à pateira. Existem muitos outros pequenos braços de água que se estendem, cruzam entre si e ligam estas lagunas à ria de Aveiro.

As Bateiras são pequenas embarcações de madeira com fundo achatado, movidas com paus impulsionados pelos barqueiros contra o fundo da lagoa. Hoje são avistadas nas margens, algumas em bom estado. Eram usadas antigamente na apanha do moliço para fertilizar os campos. No dia 25 de Agosto, ao som das badaladas dos sinos da igreja de Fermentelos, iniciavam-se as competições pela apanha do moliço.

Os campos verdejantes transformados pelo Homem para cultivo do milho e das batatas são uma fonte de inspiração. Não sei porquê lembrei-me do acidente nuclear de Fukushima. Talvez por imaginar que o Norte do Japão também é verde e bucólico e que bastou uma tragédia nuclear para transformar um local aprazível, fonte de vida e diversidade, em algo triste, sombrio, morto, inimaginável.


Bateiras




Cegonhas


Parque de Óis da Ribeira





Garça escondida


Será um Freixo?