domingo, 23 de setembro de 2018

Levada de Pardelhas




A levada de pardelhas esteve, em tempos, muito poluída. Os dejetos e vísceras dos animais mortos no matadouro iam parar à água da ribeira. O matadouro encerrou e hoje é a sede do rancho folclórico de Fafe; as águas foram despoluídas e o concelho orgulha-se das águas límpidas e transparentes das suas ribeiras.
O trajeto está mal marcado, há muito tempo que ninguém o faz. As ervas e silvas cortantes invadiram os trilhos e o percurso original passa dentro de terrenos privados, que foram entretanto vedados com cancelas de madeira e rede – foi necessário abrir algumas cancelas. Noutros locais deixámos de ver os sinais de pequena rota, as ervas eram altas e não havia nenhum trilho definido. O melhor foi seguir pela estrada de paralelos tendo por orientação o campanário da igreja matriz de Fafe, o trilho é circular e percorre espaços muito próximos do centro da cidade. No entanto, o ambiente circundante é totalmente diferente do espaço citadino: rural, tranquilo, calmo, com quintais pejados de árvores de fruta e pés de hortícolas a crescerem frondosos, galinhas e outros animais domésticos também são comuns.
Fafe é uma vila pacata com uma boa qualidade de vida, muitas pessoas a passear com crianças no Domingo de manhã, outras equipadas para caminhadas; centro cultural, biblioteca municipal, pavilhão multiusos e um parque da cidade bem desenhado, com lagos e sombras apetecíveis. Centro limpo com vários restaurantes e as famosas Casas dos Brasileiros: Fafenses que emigraram, fizeram fortuna no Brasil e regressaram à origem construindo estas casas muito vistosas e investindo na terra. O Arquivo municipal e a Casa da Cultura julgo que são exemplos desse tipo de construção.



Tanque por trás do antigo matadouro, onde começa o trilho. 






Uma espécie de maracujá muito macio. A casca também é comestível e abre-se com os dedos


sábado, 1 de setembro de 2018

Caminho da Cadeira D`El Rei



A Mata Nacional dos Sete Montes fica em Tomar. É uma mata murada situada na encosta do Convento de Cristo e das Muralhas, pertenceu à ordem de Cristo. Tem uma área de 39 hectares, dentro da qual estão marcados 2 percursos pedestres: o caminho da Charola, com a extensão de 2 km, sinalizado com a cor laranja; e o Caminho da Cadeira D`El Rei, sinalizado com a cor vermelha, com a extensão de 3 km. Possui circuito de manutenção, parques infantis e área de merendas. É tutelada pela Instituto de Conservação da Natureza e Florestas e no interior funciona o Centro de Monitorização e Interpretação Ambiental.
A mata possui uma densa vegetação de espécies tradicionais: identifiquei pinheiros bravos e mansos, oliveiras, carvalhos, sobreiros, medronheiros, pilriteiros. No meio de toda esta vegetação e com o calor que fez, o canto das cigarras ouviu-se permanentemente ao longo do percurso.
Para um caminheiro mais experimentado, este é um excelente local a juntar a um passeio pelo centro de Tomar. Cidade muito bonita, com um rico património histórico e cultural. Fica situada   na rota do caminho Português de Santiago, entre Lisboa e o Porto.  

No posto de turismo, do outro lado da rua, perguntei sobre a origem da Festa dos Tabuleiros, que atualmente se realiza de 4 em 4 anos, ocorrendo a próxima celebração em 2019. O programa está aqui.
É uma festa de origem pagã, relacionada com a deusa romana da agricultura, Ceres. Os tabuleiros recheados com broas e flores, simbolizam a fertilidade; a pomba no cimo das broas simboliza o culto do espírito Santo, introduzido em Portugal pela rainha Santa Isabel. No próximo ano, pela primeira vez, o mordomo da festa será uma mulher.
Entrada na mata. Estátua do Infante D. Henrique, governador da ordem de Cristo. 
Mapa de mata, , com os dois percursos pedestres sinalizados a cor-de-laranja e a vermelho. 

Início do caminho da cadeira D`el Rei, com o muro das muralhas do lado direito.

O castelo 

Uma parte do  sistema de rega Filipino, que abastecia o convento de Cristo. 

Panorâmica da mata

A Charola. Pequeno edifício que servia de recolhimento.
Um dos muitos enquadramento do convento de Cristo.


Jardins da mata.


Rua no centro de Tomar.
Estátua de Gualdim Pais, cavaleiro fundador de Tomar, na praça da República.
Roda do Mouchão, no rio Nabão. Vestígio do tempo e das noras Árabes, em que o seu girar abastecia de água os moinhos e lagares das margens do rio. 
A janela Manuelina do convento de Cristo. Cheia de musgos e muito desgastada. Ao ver este símbolo da nossa história - um dos mais importantes do estilo Manuelino -  neste estado, pensei que um pais que gasta dinheiro em estádios de futebol e não recupera o seu património e memória histórica funciona mal.