domingo, 9 de dezembro de 2018

Entre o Gerês e o Teixeira

Mantras Tibetanos 

Esta caminhada foi realizada algures entre o Vale do Teixeira e o Vale do Gerês, com início 6 km depois da aldeia de Ermida, próximo do miradouro da Pedra Bela.
Inicialmente por caminhos sinalizados (um PR) em direção ao prado de Carvalho das Éguas (?) e depois sem sinalização, orientando-nos pelas mariolas dos pastores e dos caminhantes – e olhando para referências conhecidas no relevo da serra, rochedos, árvores, vales, antenas, ajudando-nos a identificar o caminho e a orientação a seguir – em direção ao Vale do Teixeira, para regressar ao início do percurso.
No final comemoramos com um convívio de Natal. A ideia era o miradouro da Pedra Bela, mas estava cheio de pessoas e carros estacionados. Dirigimo-nos para a Ermida, onde bebemos umas minis. Convivemos. Foi bom.








terça-feira, 13 de novembro de 2018

Nas Margens do Rio Inha


Do porto ao Rio Inha é um instantinho, pela auto-estrada e EN222. Depois de Canedo, Santa Maria da Feira, e já  dentro de freguesia da Lomba, em Gondomar - a única do concelho na margem sul do rio Douro,  surge na EN222, do lado direito, a placa que indica “Rua do Inha”. Ao fim de uma descida íngreme estamos no rio.  
 As margens são povoadas por castanheiros, nogueiras, salgueiros-negros, carvalhos-alvarinhos e amieiros – as que resistiram à invasão de eucaliptos que cobrem a maior parte das encostas. As aves mais comuns são a toutinegra, chapim e melro; um casal de águias de asa-redonda sobrevoa as margens montanhosas. Caminhamos algumas centenas de metros até ao pequeno açude, passando pelo que parecem ser os vestígios de um moinho. Um local com algum cascalho na margem. O caminho está atapetado com ouriços e folhas castanhas, um troço com algum bucolismo. No regresso observamos os espigueiros da aldeia, construídos numa encosta muito íngreme.
Mais a jusante, próximo da foz, o rio é bastante mais largo devido à influência da barragem de Crestuma-Lever. Paramos sobre o arco em betão da ponte de Labercos, desenhado por Edgar Cardoso,  e observamos dois casais de patos-bravos na água. 
Os miúdos oferecem-se para pegar nas enxadas e escavar dois buracos, deixando-me surpreendido com a sua atitude. Plantam um amieiro e um salgueiro-negro, gesto simbólico nesta atividade organizada pelo FAPAS: Cidadania e Valorização do Rio Inha.
Os prospetos entregues pelos docentes informam:

O Rio Inha nasce no lugar de Cimo de Inha, na freguesia de Escariz, concelho de Arouca, e passa pelas freguesias de Romariz, do Vale e de Canedo (Santa Maria da Feira), desaguando no Rio Douro.
O projeto foi proposto pelo FAPAs e apoiado pelo Fundo Ambiental.

Regressamos à escola, 25 minutos, a tempo da  aula das 12.35.
Caminho atapetado com ouriços e folhas castanhas

O rio Inha junto ao açude

Espigueiros

O arco em betão da ponte de Labercos

O Rio Inha   próximo da foz

Um amieiro plantado nesta atividade


domingo, 28 de outubro de 2018

Trilho da Mesa dos 4 Abades




O mosteiro de Refoios do Lima tem uma fachada barroca. Estão muitos carros na rua. É Domingo de manhã e deve haver missa. Mais à frente começa a subida por uma estrada alcatroada, curva e contracurva, até à aldeia da Vacariça.
O trilho começa na estrada da capela de São Sebastião e leva-nos à aldeia da Cruz. Passamos por prados, pequenos bosques de carvalhos e criptomérias, eucaliptais, charcos e campos revolvidos pelos javalis à procura de raízes. Abrimos caminho pelo meio de giestas densas.   No miradouro do Penedo Branco a panorâmica é muito abrangente, quilómetros de serras, aldeias, o rio Lima serpentando pelo extenso vale, contornando morros e serras até Viana do Castelo, com o monte e o miradouro de Santa Luzia – um minúsculo pontinho branco sobre a cidade.  O mar ao fundo.
Na aldeia da Cruz paramos para almoçar no único café da terra. A dona fala-nos de cogumelos e da marmelada que fez com eles. Juntamos as cadeiras e os bancos de plástico cá fora e improvisámos um picnic. O tempo a ameaçar chuva e o vento forte não nos demovem, nem mesmo o cãozinho que fareja a nossa comida e as mochilas à procura  de um pedaço de chouriço e o chichi que fez numa das mochilas. No fim do almoço bebemos um “chiripiti” - tradição dos Calcantes.
 A mesa e as cadeiras de granito dos 4 abades são pequenas. É suposto os abades serem homens corpulentos e pançudos, é difícil imaginar como é que caberiam aqui. Apanham-se tortulhos, há quem tenha dúvidas se são dos que se comem “apenas uma vez” ou “várias vezes”. Estes eu conheço, não tenho dúvidas: são comestíveis. São o Macrolepiota procera.
Fazemos duas invertidas, tiramos a fotografia de grupo e seguimos até ao “carvalho Rachado”, nome dado na hora depois de descobrirmos que estivemos a lanchar debaixo dos ramos da copa, em vias de se quebrar.
Um grupo de cavalos selvagens olha-nos de longe. Passa por nós a correr.  Voltamos a encontrá-los mais à frente, observando-nos novamente a uma distância segura.
No fim, temos dúvidas quanto à distância percorrida: um GPS indica 16 Km, outro um pouco menos e outro, aproximadamente 13 km. Concluímos que os 13 km foram a distância mais provável.
O vale do rio Lima, Ponte de Lima, Viana do Castelo, o mar... uma panorâmica incrível deste lugar.

Início do trilho

A neve no topo do Soajo





Aldeia da Cruz

A mesa dos 4 abades

Aldeia da Cruz

Mais uma panorâmica incrível do rio Lima serpenteando entre os vales


O marco Geodésico do Penedo Branco


domingo, 23 de setembro de 2018

Levada de Pardelhas




A levada de pardelhas esteve, em tempos, muito poluída. Os dejetos e vísceras dos animais mortos no matadouro iam parar à água da ribeira. O matadouro encerrou e hoje é a sede do rancho folclórico de Fafe; as águas foram despoluídas e o concelho orgulha-se das águas límpidas e transparentes das suas ribeiras.
O trajeto está mal marcado, há muito tempo que ninguém o faz. As ervas e silvas cortantes invadiram os trilhos e o percurso original passa dentro de terrenos privados, que foram entretanto vedados com cancelas de madeira e rede – foi necessário abrir algumas cancelas. Noutros locais deixámos de ver os sinais de pequena rota, as ervas eram altas e não havia nenhum trilho definido. O melhor foi seguir pela estrada de paralelos tendo por orientação o campanário da igreja matriz de Fafe, o trilho é circular e percorre espaços muito próximos do centro da cidade. No entanto, o ambiente circundante é totalmente diferente do espaço citadino: rural, tranquilo, calmo, com quintais pejados de árvores de fruta e pés de hortícolas a crescerem frondosos, galinhas e outros animais domésticos também são comuns.
Fafe é uma vila pacata com uma boa qualidade de vida, muitas pessoas a passear com crianças no Domingo de manhã, outras equipadas para caminhadas; centro cultural, biblioteca municipal, pavilhão multiusos e um parque da cidade bem desenhado, com lagos e sombras apetecíveis. Centro limpo com vários restaurantes e as famosas Casas dos Brasileiros: Fafenses que emigraram, fizeram fortuna no Brasil e regressaram à origem construindo estas casas muito vistosas e investindo na terra. O Arquivo municipal e a Casa da Cultura julgo que são exemplos desse tipo de construção.



Tanque por trás do antigo matadouro, onde começa o trilho. 






Uma espécie de maracujá muito macio. A casca também é comestível e abre-se com os dedos


sábado, 1 de setembro de 2018

Caminho da Cadeira D`El Rei



A Mata Nacional dos Sete Montes fica em Tomar. É uma mata murada situada na encosta do Convento de Cristo e das Muralhas, pertenceu à ordem de Cristo. Tem uma área de 39 hectares, dentro da qual estão marcados 2 percursos pedestres: o caminho da Charola, com a extensão de 2 km, sinalizado com a cor laranja; e o Caminho da Cadeira D`El Rei, sinalizado com a cor vermelha, com a extensão de 3 km. Possui circuito de manutenção, parques infantis e área de merendas. É tutelada pela Instituto de Conservação da Natureza e Florestas e no interior funciona o Centro de Monitorização e Interpretação Ambiental.
A mata possui uma densa vegetação de espécies tradicionais: identifiquei pinheiros bravos e mansos, oliveiras, carvalhos, sobreiros, medronheiros, pilriteiros. No meio de toda esta vegetação e com o calor que fez, o canto das cigarras ouviu-se permanentemente ao longo do percurso.
Para um caminheiro mais experimentado, este é um excelente local a juntar a um passeio pelo centro de Tomar. Cidade muito bonita, com um rico património histórico e cultural. Fica situada   na rota do caminho Português de Santiago, entre Lisboa e o Porto.  

No posto de turismo, do outro lado da rua, perguntei sobre a origem da Festa dos Tabuleiros, que atualmente se realiza de 4 em 4 anos, ocorrendo a próxima celebração em 2019. O programa está aqui.
É uma festa de origem pagã, relacionada com a deusa romana da agricultura, Ceres. Os tabuleiros recheados com broas e flores, simbolizam a fertilidade; a pomba no cimo das broas simboliza o culto do espírito Santo, introduzido em Portugal pela rainha Santa Isabel. No próximo ano, pela primeira vez, o mordomo da festa será uma mulher.
Entrada na mata. Estátua do Infante D. Henrique, governador da ordem de Cristo. 
Mapa de mata, , com os dois percursos pedestres sinalizados a cor-de-laranja e a vermelho. 

Início do caminho da cadeira D`el Rei, com o muro das muralhas do lado direito.

O castelo 

Uma parte do  sistema de rega Filipino, que abastecia o convento de Cristo. 

Panorâmica da mata

A Charola. Pequeno edifício que servia de recolhimento.
Um dos muitos enquadramento do convento de Cristo.


Jardins da mata.


Rua no centro de Tomar.
Estátua de Gualdim Pais, cavaleiro fundador de Tomar, na praça da República.
Roda do Mouchão, no rio Nabão. Vestígio do tempo e das noras Árabes, em que o seu girar abastecia de água os moinhos e lagares das margens do rio. 
A janela Manuelina do convento de Cristo. Cheia de musgos e muito desgastada. Ao ver este símbolo da nossa história - um dos mais importantes do estilo Manuelino -  neste estado, pensei que um pais que gasta dinheiro em estádios de futebol e não recupera o seu património e memória histórica funciona mal.