sexta-feira, 3 de agosto de 2018

Deambulando por Sevilla

"La Mujer Barbuda", de José Ribera. Quadro exposto na Casa de Pilatos, sevilla


Numa tabacaria local adquirimos a tarjeta “Tussam”, esta  aqui - com Transbordo.

Pode ser recarregada em tabacarias e nas máquinas  existentes nas estações e apeadeiros. É válida na tranvia e nos autobuses.
Para um visitante é mais barato a tarjeta Sem Transbordo: aproximadamente 0, 65€ por viagem, contra os 0,76€ da tarjeta com transbordo.
Uma única tarjeta pode ser usada por todos os elementos do grupo.  Muito útil para viajar por sevilla em transportes públicos. 
Estacionamos o carro no parque do hotel e nunca mais pegamos nele. Deslocamo-nos sempre a pé ou nos transportes públicos, exceto no metro, para o qual é necessária outra tarjeta.
Cheira a bosta de cavalo, contudo as ruas pavimentadas estão limpas. Várias carroças esperam pelos turistas. 
A partir do Real Alcazar, numa extremidade do casco histórico, começamos a deambular pela cidade. É fácil perdermo-nos nos labirintos de ruas estreitas. Encontramos bares de tapas a preços acessíveis e a partir deste dia as nossas refeições pagas no centro de sevilla passaram a ser tapas. Nos bares dizemos: “Queremos tapear” - Espinacas com garbanzos, Salmorejo, lechuga - a minha filha tem uma predileção especial pelas tortillas de patatas - acompanhados pelo tinto de verano ou por vino blanco seco. 
Muito calor, algumas torneiras de água potável dipersas pela cidade ajudaram a tirar a sede. Hoje estiveram mais de 42º C. Surpreendeu-me a minha adaptação ao calor, usei chapéu de aba larga, bebi sempre muita água e usei protetor. Senti-me bem. O calor não é assim tão adverso, percebi a razão dos pátios com os chafarizes de água a correr, as ruas muito estreitas para fazer mais sombra. Os povos e culturas como a Árabe desenvolveram estratégias e arquiteturas próprias para se protegeram das temperaturas inclementes do verão - imaginei-me deitado à sombra, na hora de maior calor, ao lado de um chafariz de pétalas perfumadas, a ouvir a água e a ler um livro.  É nítida a influência árabe nos vários edifícios históricos e palácios. Como se pode verificar nas seguintes fotos da Casa de Pilatos.




Mais tarde, após a reconquista cristã, a mesquita foi transformada em catedral e ao minarete foi acrescentado um patamar para instalar sinos – 16. É o conjunto da catedral e da Giralda. Torre que durante muitos séculos foi a mais alta de sevilla, da qual se avista toda a cidade. Domina a cor branca da cal das casas, nota-se claramente que é uma cidade do sul, mediterrânica, de raiz árabe. Alguns terraços têm piscinas privativas.
Sevilla, numa fotografia tirada da Giralda.

Outro local privilegiado para observar a cidade é “las Setas”, alcunha dada pelos sevillanos ao edifício moderno, que devido à sua forma extravagante faz lembrar cogumelos. No rés-do-chão tem loja de recuerdos e o Antiquarium, onde funcionou na época romana uma fábrica de conservas de peixe.
Nos arredores de sevilla ficam as ruinas romanas de itálica e no centro da cidade a Alameda de Hércules. Vestígios romanos que atestam a sua riqueza, antiguidade  e diversidade histórica.  
Com a descoberta da América, sevilla tornou-se o ponto de entrada na europa da riqueza proveniente do novo mundo. Foi criado o arquivo das Índias para registar as “importações” e a cidade tornou-se ainda mais esplendorosa com o dinheiro que fluía.

O centro de sevilla é suficientemente grande para dissuadir percorrê-lo totalmente a pé. Os autobuses são uma boa opção para as deslocações aos locais mais afastados do centro, do outro lado do rio Guadalquivir. Ao mosteiro da cartuxa, por exemplo, onde está instalado o Centro Andaluz de Arte Contemporânea – CAAC. Decorria a exposição de obras de vários artistas contemporâneos. Destaco o Belga Jan Fabre,  achei-o provocador, irónico com alguma comicidade, mas também violento e doloroso: raspar a própria perna até fazer sangue, comparando-a com as  pernas de uma mesa, que também são polidas e raspadas. 
Os cérebros, ou a simulação deles, dentro do respetivo boião de vidro, das seguintes personalidades:

EINSTEIN – GERTRUDE STEIN – EISENSTEIN – FRANKENSTEIN.

Novamente, do outro lado do rio, visitamos diversas igrejas  com a sua irmandade e santa padroeira - a mais conhecida de todas, a basílica da virgem da Macarena – a virgem do amparo e muitas outras. A igreja de São Salvador, onde está um imponente andor de prata, de centenas de quilos. No cimo destes andores  são transportadas as virgens  (e santos?),  na semana santa. Deve ser um espetáculo impressionante ver centenas de homens a transportar o andor nas  costas, pelas ruas da cidade. Os altares das virgens ofuscam os olhos com o brilho da prata e do ouro. As santas são expressivas e solenes.
Não podia faltar o espetáculo de Flamenco. O nosso foi na Casa de la Memória, onde se  visita gratuitamente a exposição de castanholas de várias regiões de espanha – estava exposto o brinquinho da ilha da Madeira (feito com caricas de sumol) -,  a  história do Flamenco e dos seus principais intérpretes. Um dos cartazes refere que na cidade portuguesa de Braga eram frequentes, no século 17, danças de castanholas e a representação de peças de autores espanhóis.
Real Alcazar de Sevilla

Plaza de Espanã. Construida em 1929, para e exposição universal de sevilla

Av. de la Constitucion