domingo, 4 de abril de 2010

Terceira Etapa: O Cebreiro - Samos

Distância: 29, 6 Km


Está a nevar no Cebreiro, a estrada e o caminho estão cobertos de branco. Parece que esta vai ser uma etapa muito especial. Até ao Alto do Poyo, apanho nevões intensos de uma neve muito fina que me bate com força na cara.

De tempos a tempos o sol parece que quer abrir mas volta a escurecer e a nevar. Por fim, durante a descida, a neve é substituída pelo granizo e depois pela chuva, que molha mais ainda.

Chego novamente enlameado ao albergue, no mosteiro de Samos. Devo ter feito uma cara muito estranha porque o hospitaleiro, que se encontrava à entrada, responde-me quando lhe pergunto se há lugar.

- para ti não.

- Como?!

- Há lugares, mas para ti com essa cara que fizeste não.

- A cara que fiz significa FINALMENTE CHEGUEI!

- Haaaa…assim está bem, podes entrar. Eu sou o Hospitaleiro deste albergue, o meu nome é Jesus e recebo todos os peregrinos com um abraço.- e dá-me um forte abraço.

O pagamento é o que eu quiser dar, la voluntad, e depois pergunta-me se quero assistir aos cânticos dos Monges Beneditinos, que são os responsáveis e moradores deste mosteiro.

- Claro! – penso logo em cânticos Gregorianos e fico entusiasmado com a surpresa que o mosteiro tem para os peregrinos.

É proibido fotografar o interior. Os claustros são imponentes e estão revestidos com murais da vida de Cristo. Seguramente que assistem à missa todos ou quase todos os peregrinos do albergue, devem ter pensado como eu que iriam assistir a uma sessão de cântico Gregoriano. Trata-se de uma missa cantada sem Cântico Gregoriano. Não sei porquê, mas quando se fala em monges que cantam, faz-se logo a associação com o Canto Gregoriano e afinal esta era apenas uma simples missa cantada, muito simples e bonita.

De certeza que muitos dos peregrinos nem sequer são católicos ou religiosos, um casal de Japoneses com a filha e outros peregrinos com ar de nórdicos (Protestantes talvez) assistem à missa. Há muito respeito e silêncio pelo ritual que os monges nos oferecem.

Encontro novamente José no Albergue e jantamos juntos. Mais uma garrafa de vinho e como digestivo, Aguardiente de hierbas. Estamos bem dispostos e um pouco tocados.

-O meu patrão de vez em quando faz uns retiros em conventos. É possível em Espanha juntares-te aos monges durante uns tempos e levares o mesmo estilo de vida deles. O meu patrão gosta de fazer isso quando anda stressado. Vou-te enviar por mail os contactos desses mosteiros.

- E quanto se paga por isso?

- penso que é La Voluntad.

Parece-me uma ideia muito interessante fazer a experiência de passar uns tempos num convento.


O Cebreiro


                            
Alto do Poyo, monumento ao peregrino

Depois do Cebreiro e da neve, aldeias bucólicas...

 

Mosteiro de Samos
                           
Interior do Albergue do Mosteiro de Samos

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