terça-feira, 6 de abril de 2010

Sexta Etapa: Palas de Rei - Arzúa

Distância: 28,7 Km

O caminho de Santiago pode ser visto como uma metáfora da vida: é o mesmo para todos, mas ninguém o faz da mesma forma. Cada um segue-o sozinho, mesmo acompanhado tem que caminhar sozinho, ninguém o pode fazer por ele, e terminará sozinho. Cada caminhante cruza-se com muitos outros, conhece-os, fala com eles. Alguns ficarão na memória, de certa forma foram importantes e houve empatia, outros rapidamente serão esquecidos. O caminho será vivido de formas e motivações muito diversas, para uns com um motivo forte e profundo e para outros nem por isso. Haverá muita dor e sacrifício. Alguns conseguirão fazer um caminho mais longo, respeitá-lo-ão e aceitá-lo-ão mais do que os outros, chegarão ao fim mais tranquilos e satisfeitos e aprenderão muito com as Histórias do caminho.

Cruzo-me com dois irmãos Irlandeses de Dublin, Marc e Simon. Simon já esteve em Portugal:

-Lisbon is so sophisticated and fashionable.

Ambos adoram os Pasteis de Nata. Conheceram-nos numa feira gastronómica de Londres, e a partir daí andam com água na boca por estes doces. Sempre que têm oportunidade, em locais com muitos Portugueses, comem um e acompanham-no com um café dos nossos.

Simon quer conhecer Évora.

- Em Dublin, a rua onde vivo chama-se Évora Park. Nunca consegui descobrir porque tem este nome.

Mais foleiradas da TV Espanhola:

Adolfo Cubas, ex-amante de Ricky Martin, revela em entrevista os detalhes mais íntimos da sua relação com o cantor: “Quando nos encontrávamos eram dois vulcões que entravam em erupção. Ricky Martin é muito versátil.” – a televisão mostra imagens do cantor em palco com os seus trejeitos de dançarino.

Há um painel residente de comentadores que irá debater em directo a entrevista.

Volto a encontrar Luciana, tem os pés com bolhas e muito inchados no tornozelo. Enquanto vai ao posto de saúde rebentar as bolhas e tratar do inchaço, espero por ela num bar combinado para jantarmos. Folheio o jornal “A voz de Galicia”. Na primeira página uma fotografia a cores dos protestos dos habitantes de Valença do Minho com as bandeiras Espanholas desfraldadas nas varandas e lojas da cidade.

Quando chega, mostro-lhe a notícia e digo:

- Se estivesses a fazer o caminho Português e parado em Valença do Minho, não poderias ir a um posto de saúde tratar dos teus pés. Terias que apanhar um táxi ou caminhar mais uns quilómetros.

- E porque fecham os Postos de Saúde?

- Creio que por falta de dinheiro.

- Isso assim é muito mau, só vais afastar as pessoas. Como se chama o vosso Primeiro – Ministro?

- A culpa não é só dele. Isto já vem de trás. Os problemas económicos são endémicos em Portugal.

Tipica aldeia Galega com o cruzeiro de santiago


O Espírito do caminho

Albergue de Ribadiso, o mais bonito até ao momento
A minha cama para esta noite,  Arzúa

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