segunda-feira, 30 de maio de 2011

Adeus Coreia







Conheci o Iggy através do CouchSurfing, combinamos encontro no Centro para uma caminhada numa das montanhas de Seoul. Apareceu com um grupo de amigos e eu com a minha irmã.
Foi uma companhia muito agradável e talvez o melhor momento na Coreia do Sul. Nada como conviver com alguém do próprio país  para o conhecer melhor. Iggy é de Seoul e levou-nos a um local onde costuma ir para descomprimir do intenso stress e das imensas responsabilidades que  tem, tal como  fazem habitualmente os seus compatriotas. A Coreia do Sul  é  um país com muita competição entre os habitantes. As crianças são colocadas desde cedo  em institutos privados, que frequentam após o horário escolar normal, para melhorarem e aprenderam ainda mais nas diversas áreas que os seus pais pretendem.
A montanha é um pico  rochoso  visível do centro, com uma súbida muito ingreme mas bem delimitada por cordas e escadas nos locais mais abruptos. Conversamos sobre muita coisa, mas acima de tudo  era a curiosidade pelas nossas culturas, países, profissão, modo de vida, hábitos e história que mais nos motivava.  Um dos seus amigos, Choi, foi outra companhia muito prestável. Consultando o seu Ipad deu-nos sugestões para realizarmos em Seoul nessa tarde que nos restava na Coreia. Pedi-lhe para me indicar o nome de artistas coreanos, de musica Arirang e escreveu-mos num caderno no alfabeto próprio. Quando entrei numa loja de música ao fim da tarde mostrei o caderno e comprei 2 cd,s de música tradicional Coreana.
No regresso ao Centro da cidade passamos num local muito tranquilo, com vivendas  rodeadas de vegetação encostadas à montanha. Parecia que estava numa vila Portuguesa.
- Muitos habitantes de Seoul  não conhecem estes sitios assim.   Está sempre diferente de cada vez que aqui passo, a semana passada eram as cores e não havia tantas flores como agora - diz Iggy.
Seoul é uma cidade que se torna agradável devido às montanhas que tem em redor, aos recantos de sossego que  propiciam e às possibilidades de caminhadas, muito apreciadas e praticadas no país.
Por fim, almoçamos num restaurante do Centro de Seoul, comi pratos que nunca comeria sem a ajuda de um Coreano. Conhecedor dos meus hábitos alimentares, encomendou noodles e uma flor guisada. Não sei que flor era,  as pétalas eram tenras e saborosas.
Iggy, sempre muito prestável e simpático, fez com que as barreiras culturais não fossem um entrave para que nos sentissemos bem  a conviver. O nosso lauto almoço foi acompanhado por um vinho de arroz, saboroso e adequado para cortar  os efeitos muito fortes dos temperos.  Passeamos  junto do palácio de Gyongbokgung e depois despedimo-nos comovidamente, com a troca de endereços e  a esperança de um encontro breve em Portugal ou na Coreia.
Assisti  com a minha irmã à reconsttuição das cerimónias reais de entronização no palácio de Gyeongbkgung, quando Seoul foi capital do reino Joseon. Impressionante o aparato cénico. Muitas dezenas  de figurantes, mulheres de perucas a imitar os antigos penteados, trabalhados e rendilhados com tranças compridas,  instrumentos tradicionais, orquestra com músicos vestidos a rigor, guardas, ministros do reino, oficiais, toda a corte representada. A cerimónia consistia numa série de oferendas, separadas por danças e cânticos, em que  as cortesãs ofereciam vinho ao  monarca,  realizando ao mesmo tempo  uma dança  lenta e hipnotizante,  coordenadas entre si e terminando cada momento com um  batimento  vigoroso num tambor. 
Aproveitamos os ultimos momentos em Seoul passenado pela cidade, observando as pessoas, o ritmo, as lojas, a confusão e  o dinamismo. A temperatura tem sido sempre muito agradável e as noites de Seoul são apraziveis. A socialização é muito importante para os Coreanos, não admira que hajam milhares de pessoas a conviver em restaurantes que, ao fim da tarde, ficam   muito concorridos e animados.
Regressei sozinho a Portugal, ainda estou em trânsito. Passo a noite no aeroporto Charles de Gaulle em Paris. É o que dá comprar voos com as tarifas mais baixas, passam-se horas interminaveis à espera em aeroportos. Depois do cansaço de 10 horas de avião entre Pequim e Paris, ter que aguentar um noite a deambular pelo terminal 2  é saturante. Tento dormir, só consigo a espaços pequenos, estar sentado  não é cómodo e não tenho coragem para me deitar no chão. Muitas pessoas passam a noite no aeroporto, dormem recostadas às cadeiras ou deitadas no chão. Mudo de cadeira, sento-me a descansar, tento dormir, deambulo mais um bocado. Tenho o sono baralhado e a ressaca das longas viagens.





















Palácio de Gyeongbokgung


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