domingo, 1 de abril de 2012

Caminho Português de Santiago: 4ª Etapa: Ponte de Lima – Valença (38Km)


Um casal de peregrinos toma o pequeno almoço na cozinha do albergue. Sento-me na mesa ao pé deles. A língua que falam parece Holandês. Pergunto:

- São Holandeses?

- Não, somos Belgas.

- Da Flandres, então.

- Sim, a língua é muito parecida.



Chegaram no avião ao Porto e apanharam o metro para a Maia.



- já era um pouco tarde para começar a caminhar na Sé Catedral – desculpam-se.



Torcem o nariz ao trajecto que fizeram depois da Maia. Estão encantados com os albergues de Rates e de Ponte de lima, e com a Vila.



- È muito bonita, tão antiga e enquadrada na  paisagem.



Da cozinha observa-se a torre da igreja e as montanhas que rodeiam a Vila.



- É preciso ter sítios como este no caminho Português para compensar os outros menos interessantes – respondo.



De manhã cedo deambulo por Ponte de Lima e tiro algumas fotos.





Vou próximo do rio Coura e observo algumas quedas de água e moinhos entre a folhagem. Encontro as primeiras fontes de água potável. Até aqui só água não verificada laboratorialmente nas bicas do caminho.





A etapa tem uma subida muito acentuada depois de Labruja, sendo o troço mais difícil entre o Porto e Valença. A subida faz-se dentro de um pinhal, há muita sombra e qualquer sítio serve para descansar. No cimo, um painel conta a história da Via Romana XIX e do antigo caminho, aproveitado pelos peregrinos que se serviam desta via para chegar a Compostela.



Chego cedo a Rubiães, que fica mais ou menos a meio caminho entre Ponte de Lima e Valença. É um sítio ideal para os peregrinos, que se sintam muito cansados e sem forças para continuar,  ficarem. Àquela hora estava fechado. Entrei no jardim e espreitei para dentro, pareceu-me ter excelentes condições.





O único albergue do caminho Português foi durante muitos anos o de Valença. Felizmente as localidades no caminho começaram a perceber as vantagens que a passagem de peregrinos traz e aproveitaram a existência de antigas escolas e edifícios devolutos para os transformar em albergues: Rates, Tamel, Ponte de Lima e Rubiães são albergues novos e em condições.



Encontro algumas peregrinas Portugueses que ficaram alojadas no albergue de Tamel.



-Excelente. Ainda por cima era Sexta-feira e a senhora responsável pelo albergue cozinhou para todos.



Dentro de Valença um senhor indica-nos onde fica o albergue e pergunta de onde somos.

- Vila Nova de Gaia

- Amanhã vou para Vila Nova de Gaia despejar entulho.

- Eu também vou – respondo

- Se quiser dou-lhe boleia, não me custa nada. Só tem que estar aqui antes das 8.

- Obrigado. Pode ser que apareça.






Termino o dia a jantar com Niels. Bebemos um bom vinho branco e brindamos à nossa. Niels promete que me enviará um postal do Afeganistão.



Se não fosse soldado seria chef de cozinha, tal a sofisticação e os conhecimentos com que fala de especiarias, fusão de temperos e de diversos pratos. Comprou no bazar de Kunduz temperos magníficos que trouxe para o Norte da Alemanha e que foram um grande sucesso na cozinha dos amigos. Sente curiosidade pela comida portuguesa e vou-lhe explicando os temperos mais usados na nossa gastronomia, os pratos mais conhecidos e saborosos e a doçaria tradicional.

Nunca conheci um alemão tão bem disposto e com tanto sentido de humor.



Na segunda de manhã fico à espera do Sr. João que me vai dar boleia até Gaia.


Fonte das três bicas

Rubiães, ponte Romana


Valença, Albergue de Peregrinos

Valença, muralhas da cidade

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