Não é dos percursos pedestres mais bonitos de Arouca, ali ao lado começam dois mais bonitos: o PR7 – Nas Escarpas da Mizarela – que é mais curto mas bem mais puxado e o PR15 – Viagem à pré-História – muito bonito e bastante mais comprido (actualmente com 17 Km). Escolhi este por não ser tão longo nem tão cansativo, que me pareceu mais adequado ao dia e à minha disposição do momento.
O percurso tem 9 Km, é circular e duas partes distintas: a primeira, e mais longa, começa na aldeia do Merujal.- aqui, uma placa informa o caminhante que a GR 28 cruza-se com as Pequenas Rotas 2, 7, 15 e 16 e segue-se uma pequena descrição de cada uma delas - atravessa a estrada municipal junto à Igreja de Nossa senhora da Laje e continua por uma longa descida em estradão de terra e pedras soltas, bordejada de castanheiros e, mais em baixo, junto do ribeiro, bosques de uma árvore que não consigo identificar. Todas elas de folha caduca, despidas nesta época do ano, a dar um aspecto triste e bucólico ao percurso.
As cores da terra são ocres e cinzentas, ouve-se o rumorejar constante do ribeiro. Estou a achar o percurso mais bonito do que na primeira vez. Nessa altura os castanheiros em folha davam ouriços cheios de castanhas, devia ser Novembro porque enchemos sacos delas. Agora as tonalidades são diferentes e há mais água a escorrer pela encosta. Lá em baixo, os lugares de Provisende, Souto e Póvoa. Alguns campos de cultivo e socalcos encostados às aldeias.
Depois de 30 minutos a descer, começa a parte mais difícil e dura do percurso: uma longa subida, que parece que nunca mais acaba, a aconselhar uma caminhada calma e sem pressas para não haver uma quebra de tensão. Em algumas partes, a subida torna-se demasiado íngreme. É o momento mais cansativo.
Quase no fim da subida, quando ela se torna mais suave, um casal de meia-idade recolhe plantas na berma do estradão.
-Boa Tarde, desculpe fazer-lhe uma pergunta: As ervas são para chá?
- Não. São para o gado.
- E que ervas são?
- Carqueja, giesta e ...Chamissa(?)– foi assim que entendi esta última.
Pouco depois, chego novamente à estrada municipal e aqui se inicia a outra parte distinta do trajecto: mais curta, aberta e suave. Volto a entrar num estradão de terra um pouco mais à frente, à esquerda. Ao longe observa-se o vale e o casario de Arouca e os contrafortes montanhosos de outras serras mais a norte. A vegetação é mais rasteira e as árvores de porte mais pequeno. Alguns pinheiros estão tombados e atravessados no meio do caminho, que não impedem, contudo, a progressão do caminhante.
Os afloramentos rochosos dão um aspecto mais austero ao ambiente, as tonalidades parecem mais definidas com as copas verdes dos pinheiros e os pedaços de quartzo branco resplandecente, dispersos pelo caminho. Pego num – Está frio. Caminho, agora, por umas lajes que deviam ser de uma velha estrada. Olhando com atenção são perceptíveis os sulcos dos rodados. Paro para descansar próximo da estrada municipal e, depois, sigo por um carreiro paralelo ao riacho - É um troço muito curto mas de grande beleza - até entrar na estrada municipal e caminhar mais uns duzentos metros até ao parque de campismo, onde termino.
Uma fotografia de um cartaz intriga-me: é um sol esculpido numa rocha. Pergunto no parque se me sabem explicar a origem da figura:
- Ninguém sabe a origem daquilo!
- Será alguma imagem ligada a rituais exotéricos... bruxarias… algum culto primitivo, antes do Cristianismo? - insisto.
- É possível. Realmente costumam aparecer por lá umas coisas….
- Que coisas? –
- Coisas…- a minha interlocutora não explica o quê, e continuou - também no miradouro da frecha da Mizarela fazem o mesmo, acho que é muito comum nesta região este tipo de rituais. O distrito de Aveiro tem muito disto.
- Nunca me apercebi disso.
No regresso, paro na Nossa Senhora da Laje para fotografar essa imagem. Verifico que toda ela é simétrica e, no seguimento do conjunto, uma Estrela de David e mais um símbolo que não decifro. Quantos anos terão, centenas? Símbolos Cabalísticos? Uma tentativa de comunicação com extra-terrestres, ou mesmo um baixo-relevo elaborado por extra-terrestres (o que se parece com um sol)? Algumas velas ardem numa concavidade dessa rocha.
Admira-me a persistência destes rituais ligados a magias e bruxedos e da influência deste símbolos ocultos e misteriosos em muitas pessoas. Habitualmente racionalizo tudo e nunca passei por uma experiência que me leve a acreditar nestas coisas e a dar-lhes valor, no entanto, lembrei-me de um ditado Espanhol que diz:
Yo no acredito em brujas, pero que las hay, las hay.
Para aceder ao folheto do percurso, ver o sítio da Câmara Municipal de Arouca
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2 comentários:
Olá Paulo :)
Continuo a vier aqui espreitar as tuas caminhadas. Eu se não fosse um preguiçoso...
Olá Levy
quando passar aí pela tua zona convido-te a fazeres-me companhia numa caminhada.
Um abraço
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