O bairro da Beira-Mar em Aveiro celebra este fim-de-semana o São Gonçalinho, diminutivo atribuído carinhosamente pelo povo ao São Gonçalo de Amarante. Santo que é apenas para o povo porque a Santa Sé nunca o reconheceu como tal, só o beatificou.
Filho de uma família de nobres, nasceu perto de Guimarães e foi ordenado sacerdote em Braga. Partiu em peregrinação para Roma e Terra Santa, de onde regressou com um fervoroso zelo apostólico, dedicando-se à pregação e à generosidade social nas terras de Entre Douro e Minho. Estabeleceu-se em Amarante, onde morreu em 10 de Janeiro de 1262.
O santo passou em Aveiro e a cidade celebra-o desde há 500 anos. As festas têm por centro a capela dedicada a ele, no bairro da Beira-Mar. A cúpula tem um pequeno corredor exterior, ao qual se chega por umas escadinhas íngremes e estreitas dentro da capela. Lá de cima atiram-se as cavacas, uns bolos duros e secos preparados especialmente para esta ocasião. O sino toca a avisar que vão ser lançadas as cavacas e continua sempre a tocar enquanto elas são atiradas com força cá para baixo. É um momento muito animado ver dezenas de pessoas cá em baixo a tentar apanhar cavacas com redes, sacos, guarda-chuvas virados ao contrário ou apenas com as mãos, empurrando-se e deslocando-se de um lado para o outro para apanhar o maior número possível de bolos. Há homens e mulheres de todas as idades, contudo todos parecem crianças nesta pesca de cavacas.
Fiquei entusiasmado com a situação e fui para o meio da multidão tentar apanhar algumas também. É como praticar um desporto com alguma adrenalina, depois de se apanhar a primeira quer-se apanhar cada vez mais. Vi pessoas que realizaram prodigiosas “pescarias”, autênticos profissionais que encheram as redes com uma rapidez espantosa. Muitos estavam equipados com capacetes - uma cavaca em cheio na cabeça de alguém deve doer! - e com redes presas no cimo de canas muito compridas.
Fiquei entusiasmado com a situação e fui para o meio da multidão tentar apanhar algumas também. É como praticar um desporto com alguma adrenalina, depois de se apanhar a primeira quer-se apanhar cada vez mais. Vi pessoas que realizaram prodigiosas “pescarias”, autênticos profissionais que encheram as redes com uma rapidez espantosa. Muitos estavam equipados com capacetes - uma cavaca em cheio na cabeça de alguém deve doer! - e com redes presas no cimo de canas muito compridas.
Milhares de toneladas deste doce são arremessadas todos os anos por centenas de pessoas que querem pedir um desejo ao santo, ou simplesmente se divertir. A relação entre o lançamento das cavacas e o São Gonçalinho tem uma origem simbólica, atirar cavacas representa o pão atirado aos pobres pelo santo. Há outra origem mais lendária, que se relaciona com os cavacos, nome dado a pedaços de madeira que o santo teria transformado em pão. Por isso o nome "cavacas" e a razão de serem tão duras.
Qualquer pessoa pode arremessar as cavacas lá do alto, desde que não se importe de subir os inúmeros degraus, não tenha vertigens e as compre numa das barraquinhas entre a Praça do Peixe e a capela. Fui lá acima duas vezes: na primeira, as vertigens incomodaram-me e atirei-as a medo, encostado à cúpula da igreja, mal espreitando cá para baixo; na segunda vez, já de noite e depois do jantar, com uns copitos de tinto e um whiskizito para a digestão, fui mais animado, fiz pontaria para a cabeça das pessoas e atirei-as com força, para doer!
Os mareantes de Santa Marinha, de Vila nova de Gaia, são convidados desde há vários anos para fazer arruadas nas ruas do bairro. Desfilam ao som das batidas fortes e ritmadas dos bombos, atraindo desta forma a atenção dos moradores e dos forasteiros para a festa. À frente vêm dois pajens que trazem o busto do seu padroeiro, São Cristóvão, e uma estatueta de São Gonçalinho.
As festas começaram na Quinta-feira e terminam na próxima Segunda, neste Sábado actuaram os Ranchos Folclóricos de Rio Novo do Príncipe, de Sarrazola e Etnográfico e Cénico das Barrocas. Ambos de Aveiro.
Alguns versos diziam assim:
“ Ó Aveiro, ó Aveiro
Ó Aveiro mandriola
Trago Aveiro pintado
Nas costas de uma viola”
“Aveiro por ter marinas de sal
Não há terra mais bonita
No reino de Portugal”
Barraquinhas de cavacas |
Sem comentários:
Enviar um comentário