sexta-feira, 25 de agosto de 2017

Caminhos do Xisto da Lousã: PR1 Rota dos Moinhos


O Percurso tem o seu início junto à Câmara Municipal da Lousã e do pelourinho. As primeiras centenas de metros desenrolam-se dentro da área urbana da vila, uma oportunidade para apreciar a arquitetura tradicional e os belos edifícios brasonados que se nos apresentam.
A primeira evidência é que o trajeto está muitíssimo bem sinalizado, nota-se que as cores são recentes e as marcas do PR1 são constantes, não havendo hipóteses de engano.
A partir da fábrica de papel do prado, uma das mais antigas do país, senão a mais antiga, começa a terra batida. O percurso é fácil, limpo e seguro, contudo a exigir cuidados. Do lado direito, paralelo ao trilho, segue a levada que fornece a fábrica do papel, por vezes no fundo de uma ravina. Após os primeiros passadiços e ponte de madeira sobre a Ribeira de São João, seca nesta altura do ano, neste local, o caminho bifurca. Optei por não passar a ponte e seguir junto ao riacho quase seco, saltitando de um lado para outro das margens, encontrando os moinhos abandonados, degradados e invadidos pela vegetação, que dão nome a este pequeno trilho. Contei uns cinco ou seis. CUIDADO: No inverno e em épocas chuvosas a ribeira de São João pode galgar as margens e tornar extremamente perigosa a realização do trilho, existe o risco de enxurrada, aliás este aviso está indicado no painel de inicio do percurso junto da câmara municipal e também no próprio trilho, contudo, só quem fizer o trilho no sentido inverso é informado atempadamente, o aviso surge para quem vem do castelo em direção ao centro.
Após uma pequena subida chega-se às traseiras do castelo, à rua de acesso ao parque de estacionamento. Um momento para relaxar um pouco, contornar o velho alambor, a fortificação muralhada do castelo, e conhecer um pouco mais a história deste local encantado. O emir Arunce, chefe militar muçulmano destas terras antes da reconquista Cristã, foi pai de uma formosa princesa, Peralta de seu nome, por ela se apaixonaram guerreiros cristãos e desde então o seu nome ficou na lenda e memória popular. Outros painéis indicam o início de outros trilhos para as aldeias do xisto da Lousã.
O trilho contorna a praia fluvial de Nossa Senhora da Piedade, seguramente uma das mais bonitas de Portugal, uma oportunidade excelente para mergulhar nas águas frias (só custa entrar) mas reconfortantes da praia e desentorpecer os músculos neste local idílico. Convém  levar uma pequena toalha e calções de banho. Antes ou após o banho deve-se aproveitar para calcorrear os trilhos em lajes de xisto, que percorrem as diferentes ermidas, recordo a de Nossa senhora da Piedade, São João e a Capela do Senhor dos Passos. Mas, acima de tudo, a paisagem frondosa e este belo enquadramento entre a história militar de Portugal, o castelo da Lousã fazia parte de uma linha de defesa avançada na época da reconquista cristã, religioso e paisagístico.
De realçar ainda o restaurante Burgo, uma excelente oportunidade para uma bela almoçarada ou jantarada, consoante a hora, e de provar uma gastronomia onde imperam os pratos e produtos mais tradicionais e imprevisíveis, como o cabrito ou o javali.
O regresso faz-se seguindo as orientações do PR. Neste ponto acho que deviam haver indicações mais claras sobre quais os PR que estamos a seguir, visto que há vários que partem e chegam a este local provenientes da serra e às tantas não sabemos bem qual deles é o pretendido. Não é grave, facilmente, seguindo o bom senso e a memória visual, não levei mapa, mas recordo-me que o trilho tinha que contornar a praia fluvial, regressei ao centro da vila. Contudo, mais uma vez, é necessário ter muito cuidado, com a descida, após as ermidas, uma escadaria muito ingreme, em xisto, e que nos tempos mais chuvosos e húmidos pode originar quedas graves. A ravina aqui é alta. Na travessia da ribeira, seria útil uma corda metálica na parede rochosa, o espaço é estreito. Segue-se em terra batida até à ponte suspensa que vi na ida para o castelo, após a travessia o trilho é o mesmo do início, desta vez com a levada do lado esquerdo.
Resumindo: trilho interessante, bonito, frondoso, bem sinalizado, de fácil realização, com avisos de perigo de enxurrada, contudo os moinhos a  necessitarem  de recuperação, mais  passadiços, grades e cordas metálicas nos locais mais ingremes, para a segurança ser total.

Câmara Municipal da Lousã
O curioso pelourinho da vila, atrás do edifício da câmara.
A igreja matriz

Capela da misericórdia, século XVI

Palácio dos Salazares, transformado no hotel de charme Melia Boutique Lousã



Fábrica da Companhia de Papel do Prado, a partir daqui, mais à frente, o trilho passa a terra batida.






A ponte suspensa, na ida optei por não atravessá-la e seguir pela margem da ribeira. No regresso,  cruzei a ponte de lá para cá e segui a mesmo trilho, em sentido inverso.

Um dos moinhos do trilho, ou o que resta dele, tal como os outros que encontrei



Outro moinho


As primeiras panorâmicas das ermidas

Capela do Senhor dos Aflitos, restaurada há poucos anos, com o castelo da Lousã no fundo.

 A Praia Fluvial da Nossa Senhora da Piedade


O Restaurante Burgo By day and by night


Pormenor de um edifício de apoio na zona das ermidas

Trajeto entre as ermidas, o piso em xisto

A tal descida íngreme e perigosa, após as ermidas, já no regresso à Lousã

Quase a chegar ao fim do trilho em terra batida e prestes a passar junto à entrada da fábrica de papel

As curiosas placas com o nome das ruas no centro da vila da Lousã


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