domingo, 14 de abril de 2013

Fragata D. Fernando II e Glória



Em 1963 um incêndio destruiu a Fragata D. Fernando II e Glória, a última a fazer a carreira das Índias.


Construída em 1843 em Damão, na índia Portuguesa, fez a carreira nas últimas décadas do século XIX.


Foi o navio chefe da armada na campanha militar do Ambriz, em Angola no ano de 1855, e mais tarde das forças navais Portuguesas; escola da artilharia naval e, a partir de 1940, sede da obra social, que acolhia rapazes de fracos recursos económicos, ensinando-lhes as artes da marinha.


Entre o incêndio de 1963 e 1992 esteve encalhado no rio Tejo, até ao início dos trabalhos de restauro nos estaleiros de Aveiro.


Foi apresentado remodelado na expo de 1998, encontrando-se exposto atualmente na base naval do Alfeite, em Almada.


D. Fernando II foi rei consorte, marido de D. Maria II, que reinava Portugal no ano do lançamento da fragata à água.


A viagem entre Lisboa e a Índia demorava 5 meses e a fragata chegou a transportar mais de 600 pessoas, entre tripulantes e passageiros. Também eram transportados animais vivos, que iam sendo mortos durante a viagem para haver sempre carne fresca.


Imagino que as condições de higiene eram deploráveis. O cheiro e os dejetos dos animais, ovelhas e galinhas principalmente, colocados a bordo de um navio com centenas de pessoas, amontoadas num espaço exíguo. Provavelmente não existiam latrinas, talvez um simples balde servisse para as necessidades, ou o mar diretamente.


Não existiam lugares fixos, os passageiros que desejavam um pouco mais de privacidade, recolhiam-se em mini camaratas, protegidas por tapumes de madeira, desmontáveis diariamente. A maioria dormia em camas de rede ou no soalho.


Apesar das limitações, existia uma botica onde eram preparados os medicamentos e um pequeno altar para a realização das missas.


É um precioso restauro. Mantêm-se detalhes originais que, imagino, terão sido muito difíceis de restaurar.


Como encontrar pessoas, mestres e artífices, capazes de recuperar um navio com as mesmas características de há 150 anos atrás?


A fragata D. Fernando II e Glória conta uma parte importante da História de Portugal e das relações com a India. Um período trágico e grandioso ao mesmo tempo, que durou quase 500 anos, desde a construção do império, no início do século XVI, até ao século XX. As viagens eram realizadas em condições que nós hoje dificilmente imaginamos, foi preciso entrar no navio para perceber um pouco como se vivia a bordo.












2 comentários:

Anónimo disse...

Ao ver dados sobre a fragata disseram que o incêndio teria sido provocado pelos alunos por insatisfação.
não foi assim.Foi feito um reparo e trabalho de solda e as fagulhas da solda caíram no porão onde havia óleo misturado com a água da linha d´água e as fagulhas iniciaram o incêndio.
Ai foi um sufoco para sairmos daquele incêndio pois foi muito rápida a propagação das chamas.
Nós tivemos que nos jogarmos do convés para a água onde outros alunos nos ajudavam a levar para os botes salva-vidas .

Paulo Barros disse...

Imagino, pela sua descrição, que estava presente quando ocorreu o incêndio de 1963. Obrigado pelo comentário e pela contribuição no esclarecimento de como se desencadeou o fogo na fragata.
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