terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Trilho dos Caretos (com os burros de Miranda)




O burro Mirandês é a única espécie autóctone de Portugal e encontra-se em vias de extinção. Antigamente era muito usado nos trabalhos agrícolas como animal de carga e tracção. Com o abandono dos campos e a desertificação da região, tornou-se desnecessário e entrou em vias de extinção:  «Ainda se vêem uns velhotes com mais de sessenta anos a caminho das feiras, montados nos burricos, com os alforges cheios para vender toucinhos e produtos artesanais», diz-me um elemento da Associação para o Estudo e Protecção do Gado Asinino (AEPGA)


É malta que veio de Miranda do Douro, a 80 Km daqui. Trouxeram quatro burros numa carrinha e participam nas Festas do Entrudo Chocalheiro, levando a passear as crianças e os adultos,  montados nos burros até à albufeira do Azibo. Existem três centros de recuperação dos  animais no concelho de Miranda do Douro.
O pessoal da associação é malta urbana, a maior parte deles nasceu fora de Miranda e procura uma forma alternativa de vida, mais natural e essencial.  É gente nova, idealista e  empenhada na  recuperação dos burros:  um sinal de esperança para o futuro destas terras.

Os burros começam a ser usados em passeios turísticos pela região e  em asinoterapia:  «São muito bons para as crianças», também são vendidos  a quem estiver interessado na sua preservação e em ter um burro por companhia. São muito sociáveis e criam laços afectivos muito fortes uns com os outros:
«Uma vez um deles ficou sozinho porque o outro burro foi vendido. Deixou de comer, emagreceu e andou muito triste. Demos-lhe medicamentos, foi consultado pelo veterinário várias vezes, mas nada. Até que lhe arranjámos outro burro para  fazer companhia, começou a animar e agora já roça o pescoço no outro». Portanto, são animais que podem ficar muito tristes e deprimidos se lhes retiram um companheiro, mas também podem ser muito esquisitos entre eles. Há burros que não vão com a cara, neste caso com o focinho, uns dos outros, sabe-se lá porquê e evitam-se.
Actualmente há dezassete burras prenhas nos centros de recuperação, o que é muito bom. 
Algumas características fisionómicas que os distinguem das outras raças são o pêlo mais comprido e grosso, a mancha branca na boca e no nariz e a altura acima da média.

Para obter mais informações sobre a AEPGA, clique aqui.

O passeio desenrolou-se calmamente desde a Casa do Careto em Podence, onde uma placa indica o início do Trilho. Passa-se pelo centro da aldeia e depois atravessa-se um pequeno viaduto de cimento sobre o IP4 e entra-se em caminhos rurais de terra batida, bem delineados, que nos levam até à Praia Fluvial da Ribeira, na albufeira do Azibo, sempre visível desde o início do percurso. Este trajecto é plano, fácil de realizar e com 4,1 Km de extensão.
Para saber mais detalhes sobre os percursos pedestres no Concelho de Macedo de Cavaleiros, clique aqui.

Pormenor da albufeira do Azibo
Uma parte do trilho
Sempre com a água da albufeira visível
Praia da Ribeira (Azibo)
Apresento-vos um Burro de Miranda
Mais trilho

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