segunda-feira, 8 de agosto de 2022

Florença



Bruneleschi foi um génio. Em apenas dezasseis anos  a sua engenharia visionária permitiu a construção da maior cúpula da cristandade construída até então, o Duomo da catedral de Santa Maria de Fiore. Passou os vinte anos  anteriores a estudar as grandes obras romanas.  Era amigo de Donatello com quem aprendeu tecnicas de perspectiva. Quando regressou a Florença, por intermédio dos Medici, teve como supervisor das obras o  arquirrival, Lorenzo Ghiberti. Não aceitou.

 Como poderia aceitar ordens de alguém   claramente inferior ? 

Giovanni, arquitecto, é o guia do free walking tour. A visita começa na Piazza Delle Strozzi e termina na Piazza Della  Croce. Conta-nos a história da cidade através da  vida e  da obra de importantes personalides  florentinas. 

Estamos  entre o batistério, junto à Porta do Paraíso,  de Ghiberti, e o Duomo, de Bruneleschi. 

"27+24=51, cinquenta e um anos para construir duas portas! 14 anos para construir a maior cúpula do mundo!", diz, apontando para ambas as construções, dando ênfase ao tempo que cada um demorou concluir a respectiva obra, evidenciando a genialidade de Bruneleschi. 


Florença já era no séc. XIII uma grande cidade. Os  monumentos que hoje lhe dão fama começaram a ser construídos nesse século e não, ao contrário do que se julga, no renascimento, 200 anos mais tarde.  Artistas geniais e visionários que fizeram  escola em Florença - Bruneleschi, Donatello, Verrocchio, Leonardo da Vinci, Michelangelo - romperam  dogmas, obraram noutras cidades italianas que os acolheram. 

Duzentos anos antes, Dante, o primeiro pioneiro do Renascimento. Escreveu a Divina Comédia na língua de Florença,  foi precursor na vontade  de tornar acessível a todos a crítica e a discussão social. Mas dele falarei noutra entrada. 

A minha praça favorita é a Piazza della Signoria, pelas esculturas magnificentes,  a austeridade medieval do palazzo vecchio,  a centralidade (em poucos minutos  chega-se a pé  aos principais monumentos), a fonte de duas bicas. Uma de água com gás. Enchi  a garrafa, bebi, refresquei-me as vezes que ali passei. 

Florença é pedonal e  ciclável.

Do outro lado do rio Arno, Oltrarno, à volta da Piazza delle Santi Spiritu há muitas trattorias. Foi onde comi melhor em Itália.

A cidade tem   história e  lendas. A da Fonte do javali, segundo a qual a moeda que se coloca na boca do animal deve cair no gradil. Depois esfrega-se a mão no focinho, faz-se um desejo e ele cumpre-se. Hans Christian Anderson disse que Florença é "um inteiro livro ilustrado".

Fontana delle  Porcelino (a fonte do javali) 










O Duomo 


O interior da catedral de Santa Maria dei Fiori, Duomo

Porta do Céu, Ghiberti 








Sem comentários: