Bruneleschi foi um génio. Em apenas dezasseis anos a sua engenharia visionária permitiu a construção da maior cúpula da cristandade construída até então, o Duomo da catedral de Santa Maria de Fiore. Passou os vinte anos anteriores a estudar as grandes obras romanas. Era amigo de Donatello com quem aprendeu tecnicas de perspectiva. Quando regressou a Florença, por intermédio dos Medici, teve como supervisor das obras o arquirrival, Lorenzo Ghiberti. Não aceitou.
Como poderia aceitar ordens de alguém claramente inferior ?
Giovanni, arquitecto, é o guia do free walking tour. A visita começa na Piazza Delle Strozzi e termina na Piazza Della Croce. Conta-nos a história da cidade através da vida e da obra de importantes personalides florentinas.
Estamos entre o batistério, junto à Porta do Paraíso, de Ghiberti, e o Duomo, de Bruneleschi.
"27+24=51, cinquenta e um anos para construir duas portas! 14 anos para construir a maior cúpula do mundo!", diz, apontando para ambas as construções, dando ênfase ao tempo que cada um demorou concluir a respectiva obra, evidenciando a genialidade de Bruneleschi.
Florença já era no séc. XIII uma grande cidade. Os monumentos que hoje lhe dão fama começaram a ser construídos nesse século e não, ao contrário do que se julga, no renascimento, 200 anos mais tarde. Artistas geniais e visionários que fizeram escola em Florença - Bruneleschi, Donatello, Verrocchio, Leonardo da Vinci, Michelangelo - romperam dogmas, obraram noutras cidades italianas que os acolheram.
Duzentos anos antes, Dante, o primeiro pioneiro do Renascimento. Escreveu a Divina Comédia na língua de Florença, foi precursor na vontade de tornar acessível a todos a crítica e a discussão social. Mas dele falarei noutra entrada.
A minha praça favorita é a Piazza della Signoria, pelas esculturas magnificentes, a austeridade medieval do palazzo vecchio, a centralidade (em poucos minutos chega-se a pé aos principais monumentos), a fonte de duas bicas. Uma de água com gás. Enchi a garrafa, bebi, refresquei-me as vezes que ali passei.
Florença é pedonal e ciclável.
Do outro lado do rio Arno, Oltrarno, à volta da Piazza delle Santi Spiritu há muitas trattorias. Foi onde comi melhor em Itália.
A cidade tem história e lendas. A da Fonte do javali, segundo a qual a moeda que se coloca na boca do animal deve cair no gradil. Depois esfrega-se a mão no focinho, faz-se um desejo e ele cumpre-se. Hans Christian Anderson disse que Florença é "um inteiro livro ilustrado".
Fontana delle Porcelino (a fonte do javali) |
O Duomo |
O interior da catedral de Santa Maria dei Fiori, Duomo |
Porta do Céu, Ghiberti |
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