sábado, 20 de junho de 2020

Por Terras do Couto Mineiro


O Couto Mineiro de Castelo de Paiva abrange as localidades de Pedorido, Folgoso e Pejão.
A extração do carvão começou no século XIX, nas encostas da serra de São Domingos. Transportado em vagões  até à central termoelétrica, passando a Ponte Velha do fim do século XIX.
O carvão desvalorizou nos anos oitenta, a extração deixou de compensar e as minas encerraram.  Os carris e os vagões desapareceram. 
É possível trilhar os velhos caminhos,  uni-los ao trajeto  dos  peregrinos da romaria  de  São Domingos e caminhar  pela margem do rio Douro, pelo passadiço que a câmara  de Castelo de Paiva está a construir. Atualmente são  600 metros.   Os restantes quilómetros são veredas estreitas em piso de terra  e rocha até à zona de lazer do Choupal, na foz do rio Arda. Aproximadamente 12 quilómetros de um percurso  diversificado.  

Na ermida de São Domingos tem-se uma vista muito desafogada: a poente, o Porto – distingue-se a torre da loja do Cidadão  -  Vila Nova de Gaia e o atlântico; a norte,  a serra da Boneca e  as eólicas; em redor, um horizonte polvilhado de cumes, o grande meandro do rio Douro e a desembocadura do Arda. Nas encostas da serra predominam as plantações de eucaliptos. As árvores autóctones  que vão resistindo são carvalhos, sobreiros vetustos, medronheiros e choupos nas margens do rio.  Nas  aldeias há quintais com pomares.
Os peregrinos  deparavam-se no passado com os mutilados da guerra colonial,  os “aleijadinhos” que esmolavam na encosta da ermida.  As barraquinhas vendiam bifanas. Uma festa popular muito concorrida, imagino, que este ano não se realizará, por razões conhecidas.
Voluntários da paróquia de Raiva  arrancam eucaliptos com motosserra, plantam carvalhos e arranjam o parque de merendas da ermida. 













domingo, 14 de junho de 2020

Lisboa a bordo do elétrico 28


Rua do Salitre

Uma das melhores formas de conhecer uma cidade é viajar de transportes públicos. O elétrico 28 faz a ligação entre o Martim Moniz e os Prazeres. Habitualmente apinhados de turistas os elétricos de Lisboa são pouco acessíveis aos passageiros  locais, que há muito desistiram de realizar viagens curtas dentro da cidade devido às filas intermináveis para entrar. 
A pandemia reduziu drasticamente o número de turistas e volta a ser possível viajar tranquilamente e sentado, observando a cidade com calma. 
Este não é um blog com informação detalhada e técnica feito para turistas e locais, de como viajar numa cidade ou país. Toda essa informação já existe, basta pesquisar um pouco. Tratam-se apenas de impressões pessoais, anárquicas e desorganizadas, feitas acima de tudo para "um dia mais tarde recordar", escritas de acordo com o talento pessoal, a falta dele, e as circunstâncias técnicas que permitem a escrita  do Blog. Muitas vezes apenas o teclado do smartphone e um dedo para o dedilhar. Nem as fotos se referem exclusivamente ao título da entrada. 
O 28 atravessa as ruas apertadas de Alfama, a baixa Pombalina, o elegante Chiado, São Bento,Campo de Ourique. "Uma viagem com séculos de história", como  já vi escrito algures fora de Lisboa. Monumentos, igrejas, jardins, panoramicas maravilhosas do Tejo e das colinas da cidade. Lisboa parece por vezes mais uma aldeia do que uma cidade, castiça e garrida. Mais Africana do que Europeia, e digo isto com muito orgulho, porque é única. Não deve haver mais assim no mundo. 

Dos Prazeres desci ao Palacio das Necessidades. Observei a avenida de Ceuta e a encosta do que foi um dos bairros mais degradados e malafamados de Portugal: o Casal Ventoso. 
Subi pela Infante Santo à Basílica da Estrela, com o seu inconfundível estilo barroco, tal como o palácio das Necessidades e muitas outras igrejas e palácios de Lisboa - o ouro do Brasil permitiu muitas extravagâncias - e regressei à Baixa.





A estatua do Padre António Vieira, acusado de racismo pelos tribunais populares do século XXI. Um dia depois de ter sido vandalizada, numa imitação local de comportamentos afins noutras partes do mundo. 


Uma panorâmica da Serra da Arrábida, do outro lado do rio. Um misto de ambiente mediterrânico e Atlântico. Paisagens belíssimas ao pé de Lisboa. 


Rua do Carmo à noite. 


Convento do Carmo. 

O elevador da Lavra, o mais antigo de Lisboa, e a praça dos Restauradores, numa atípica noite de Santo António, "Histórica", sem arraiais e quase ninguém nas ruas. Algo impensável há poucos meses. 


Mais postais de Lisboa "desconhecida"