sexta-feira, 2 de agosto de 2024

Marinha da Noeirinha

 


Levam-se 10 minutos a pé do jardim do Rossio à praia fluvial da Noeirinha. Uma das 5 marinhas de sal ainda em funcionamento na ria de Aveiro, já foram mais de 300.

Fim de tarde. A miúda que nos atende, perante a nossa hesitação em pagar 5 euros por pessoa, para usufruir apenas de duas horas de estadia – a praia encerra às 19h00 - liga a alguém a perguntar se pode fazer desconto.  Não pode. Pagamos o  preço da  tarde inteira. Achei simpática a atitude. Noutros locais, essencialmente fora de Portugal, seriam implacáveis, não ponderariam, sequer, fazer desconto. Valeu a tentativa.  O preço do dia inteiro, 09h00-19h00, é de 7€.  

Dois casais sentados na água quente da piscina insuflável bebem champagne pelos flutes de cristal. Um pequeno grupo de crianças diverte-se dentro da lagoa.

Vestimos à pressa  a roupa de banho, puxamos dois cadeirões para a sombrinha - pagamos mais 5 €.  Entramos na água, sentimos imediatamente a temperatura amena de 27.ºC. Descontraímos mergulhados pelos ombros, movendo braços e pernas tranquilamente. 

A argila do fundo lodoso cola-se na pele. O aviso diz para limpar o corpo no duche antes de entrar no  SPA. 

Um casal português acaba de sair do tratamento de esfoliação na marinha de sal. Diz o homem: É uma maravilha, tenho a pele macia.

Seguimos para o  centro. Os turistas esticam as pernas nos muros do canal de São Roque, petiscam nas esplanadas. Parece que estamos  em Espanha, tal é a quantidade de nuestros hermanos a hablar su lengua. Os moliceiros sulcam os canais em visitas guiadas.  Clientes fazem fila nos restaurantes da praça do Peixe. Vamos diretos ao "Augusto", no Rossio. Mantem o aspeto tradicional. Continua a praticar preços acessíveis, a confecionar refeições e especialidades que fazem da casa uma das  mais  conhecidas e frequentadas de Aveiro, com mais de 50 anos. Ambiente de cervejaria, descontraído, com o balcão no meio da sala lateral para refeições rápidas, pregos no prato, jaquinzinhos e carapaus com arroz de feijão, bem servidos e saborosos. As figuras típicas da varina e do marnoto nos azulejos de parede coloridos. 

É por momentos assim que Aveiro se torna uma cidade familiar e aconchegante. No  Verão pode-se fazer praia no areal da marinha, caminhar agradavelmente até aos pontos  mais tradicionais e animados, deambular por ruas e bairros planos. 

Visitamos a exposição no parque de estacionamento subterrâneo do Rossio. A construção deu muita celeuma, não só por trazer mais carros para o centro da cidade, mas também por ser  numa praça edificada sobre estacas, sujeita à pressão  das águas da ria. Já são visíveis paredes a descascar com a humidade, apesar de recente, inaugurado em 2023. Vimos no painel interativo fotografias das transformações da praça, desde  finais do século XIX. Surpreendeu a qualidade e a nitidez do preto-e-branco. Homens de chapéu-de-coco, mulheres de xaile pelas costas e lenço na cabeça, carros-de-bois, festas populares, procissões religiosas, touradas. Portugal antigo, de outros tempos. A igreja de São João foi demolida em 1912. Restam na cobertura as  ruínas dos alicerces, postos a descoberto nas escavações. 

Algumas fotografias do painel:

Canal Central, Rossio e Capela  de São João (s.d.)

Realização de uma feira no Rossio (s.d.)






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