“Aqui viveram mais de 3000
pessoas”, diz o painel interpretativo no Castro de Santa Tecla. É interessante
imaginar como seria viver aqui. Claro que é uma imaginação muito distorcida por
dois mil anos de distância, por uma história, vida e perspetivas totalmente
diferentes de quem vive no século XXI. Se não fosse o castro e as várias
relíquias arqueológicas que foram desenterradas na abertura da estrada há cem
anos, este seria o spot perfeito para um hotel e condomínio de luxo, com
vistas desafogadas sobre o mar e o rio Minho. Será que os seus habitantes tinham
consciência do spot em que viviam? Será que recebiam visitas que lhes
diziam:
- Uau!!! Este sítio onde vives é
maravilhoso!!!
Sabe-se que o local tinha uma
função defensiva e de vigilância, que os barcos Fenícios, Cartagineses e
Romanos subiam a costa e comerciavam mercadorias com os povos do noroeste
peninsular – há uma ânfora de azeite no museu arqueológico -. Os colares de contas coloridas, os moldes de
barro para trabalhar o ferro fundido, a urna de cerâmica em forma de jarro,
indicam uma sociedade que revelava complexidade e sofisticação – as
mulheres gostavam de se aperaltar, eram usadas ferramentas de ferro e, provavelmente,
os mortos eram incinerados. Mais tarde, com a ocupação e a influência Romana,
começaram-se a fazer sepulturas e a construir estelas funerárias.
Cá fora, o quiosque vende
souvenirs com símbolos celtas, padrões geométricos formando suásticas,
lembrando que estes povos eram indo-europeus e que existiu uma cultura anterior
à cristianização, que posteriormente adotou muita simbologia pagã – basta ver
as cruzes que ladeiam o caminho do calvário.
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