Que eu
saiba não existe um roteiro que tenha este nome em Amesterdão.
Visitei alguns lugares e assim criei o meu próprio roteiro pessoal, contendo alguma história e personagens Judaicas da cidade.
A casa de
Anne Frank não foi a sua verdadeira residência em Amesterdão. Foi
o local onde ela, a família e outros 4 judeus se esconderam durante
dois anos. Era um armazém de produtos alimentares que antes
pertenceu ao pai e que, devido às perseguições nazis, passou
para um sócio Holandês. Nas traseiras do armazém fizeram a sua
vida, não podiam abrir as janelas, o autoclismo não podia ser
despejado, tinham de fazer o máximo de silêncio. Os empregados não
faziam ideia que haviam judeus escondidos em divisões secretas do
armazém. Foram denunciados não se sabe por quem. Todos morreram em
campos de concentração, excepto o pai. Anne Frank morreu um mês
antes da libertação do campo onde estava internada.
As filas
são demoradas para entrar na casa. Atrás de mim estava um casal
Português que vive nos Açores. Como o mundo é pequeno! Palavra
puxa palavra e acabamos por descobrir muitos pequenos lugares e
pessoas que conhecemos em comum. Passei uma hora na fila de espera a
matar saudades dos Açores.
A visita
pode ser uma experiência forte e transtornar os mais susceptíveis. Contem testemunhos audiovisuais de pessoas que conheceram pessoalmente Anne Frank, sendo para mim os testemunhos mais emotivos o do próprio pai, Otto, que só conheceu o diário da filha após a morte desta, e de uma amiga que reencontrou Anne no campo de concentração de Bergen Belsen, que descreve a última vez que a viu, poucas horas (?)/dias(?) antes de morrer.
Dirigi-me
depois em bicicleta à sinagoga Portuguesa. Foi construída no século
XVII pela comunidade de judeus portugueses que fugiram da inquisição.
No outro lado da rua fica o museu histórico judaico que conta a
história dos judeus na Holanda. Algumas famílias de origem
portuguesa tornaram-se economicamente muito influentes, devido às
redes e conhecimentos comerciais que possuíam. Ficaram famosas as
famílias Lopes Suasso, de Pinto, Teixeira de Mattos e Henriques de
Castro.
Apesar da
tolerância que os judeus e cristãos novos Portugueses encontraram
na Holanda, a comunidade judaica deu muitas vezes provas de
grande intolerância com os seus próprios elementos, fazendo também as suas vítimas. Dois casos conhecidos foram os
de Baruch (ou Bento) Espinosa e Uriel (ou Gabriel) da Costa.
O
primeiro é um dos mais influentes filósofos europeus. Filho de
judeus portugueses, nasceu em Amesterdão no
início do século XVII.O segundo nasceu na cidade do Porto em 1585
e morreu em Amesterdão em 1640. Ambos tinham pontos de vista e
ideias consideradas heréticas em relação ao Judaísmo, obviamente mal aceites pelos rabis, sendo rejeitados e desprezados pela comunidade religiosa, inclusivamente pela própria família.
Uriel da
Costa suicidou-se depois de ter sido vergastado publicamente,
obrigado a deitar-se no chão da sinagoga e de ser pisado por toda a
congregação.
No museu
histórico não há qualquer referência a Gabriel da Costa. Bento
Espinosa, pelo contrário, talvez por ser considerado um dos grandes filósofos do
ocidente, não é esquecido. Foi expulso da comunidade pelo rabi Isaac da Fonseca
(nascido em Lisboa), o grande impulsionador da construção do templo
de Amesterdão.
Em contrapartida, o município de Amsterdão não esqueceu o Cristão novo Portuense, perseguido em Portugal e na Holanda, atribuindo o seu nome a uma das praças da cidade, a DA COSTA
PLEIN.
Muito
próximo destes locais, numa época em que em Amesterdão viveriam
milhares de Judeus, viveu e trabalhou Rembrandt. A casa está hoje
transformada num museu, o Het RembrandtHuis.
Antes da 2º guerra mundial viviam em Amesterdão 80 000 judeus. Três quartos
terão morrido nos campos de concentração.
Fila para a casa de Anne Frank |
Igreja de westerkerk. Fica muito próxima da casa de Anne Frank. No diário refere que ouve os sinos da igreja. Ouvir os sinos das diferentes igrejas de Amesterdão é comum nos dias dias de hoje.
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Sinagoga Portuguesa. As placas estão escritas em Português, assim como os nomes dos benfeitores. . |
Casa de Rembrandt, oficina de gravação. Um dos atrativos do museu é a possibilidade de participar em oficinas artísticas. |
Exterior da Casa de Rembrandt |
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