Finalmente
alugo uma bicicleta. No Domingo há menos trânsito, para quem não
tem experiência de andar a pedalar dentro de cidades, talvez seja
este o melhor dia de todos para experimentar. Rapidamente ganhei
confiança e passei a sentir-me um verdadeiro Holandês.
Surpreendeu-me a sensação de liberdade, julguei que por ter de
andar com mais este objeto atrelado a mim teria menos autonomia de
movimentos. Pelo contrário, a bicicleta deu-me a possibilidade de ir
a locais mais distantes e o prazer de pedalar sem destino. Com as
bicicletas vem incluído um cadeado e duas chaves, uma para fechar o cadeado
e outra para prender a roda. Quando quis, prendi a bicicleta a um
poste e deambulei a pé. Amesterdão conhece-se facilmente a pé, de bicicleta então transforma-se numa aldeia.
Na Dam
cruzo-me com um grupo de chineses das Falun Gong. Lembro-me das
notícias há uns anos atrás quando o grupo foi perseguido e
proibido na China. Em Amesterdão recolhem assinaturas contra o
governo chinês e divulgam a sua filosofia.
Para mais
informações sobre o movimento: www.fofg.org
e www.faluninfo.net.
Próximo
da Dam fica o Begijnhof, um recanto muito tranquilo no coração da
cidade e o Museu Histórico de Amesterdão que conta a história da
cidade desde a sua fundação, no início do século XIII, até hoje. Vários aspetos da história da cidade são
apresentados. Embora não seja um dos ex-libris de Amesterdão, vale
muito a pena ser visitado.
A
Sinagoga Portuguesa, dois quilómetros para oriente na zona do
Plantage, já estava encerrada. Fiquei cá fora a descansar um
pouco e ao meu lado sentam-se três fulanas que acabam de sair da
sinagoga. São Portuguesas. Conversamos. Depois outras três fulanas
passam à nossa frente com um mapa de amesterdão na mão e pedem uma informação. Também são Portuguesas. De repente juntam-se 7
turistas portugueses em frente da sinagoga construída por
portugueses. O grupo muito rapidamente se desfez, bastou uma delas
dizer: “Temos que ir”, para os outros de repente também ficarem
com coisas para fazer e se dispersarem.
Depois, sigo muito calmamente a pedalar feliz da vida, sentindo-me um
autêntico amestardãosense, quando vejo uns tipos com uma câmara de
filmar e outros, que eu julgava pertencerem ao mesmo grupo, que me
pedem para parar. Um deles faz-me muito delicadamente a seguinte
pergunta, em Inglês:
“-
Estamos a fazer umas filmagens e precisamos de uma bicicleta como a
sua. Será que nos pode emprestar a bicicleta, só por 5 minutos?”.
E eu, anjinho, e com um sorriso nos lábios por poder ser útil,
disse:
“-Claro
que sim, empresto.”
Os tipos
até tinham bom aspeto, bem falantes, vinte e tal anos. Eu ainda sem
perceber nada, a ficar cada vez mais cercado pelo grupo, um deles a
por as mãos na bicicleta, a começar a acaricia-la.
Eu a
desculpar-me ainda por cima:
“-
Aluguei a bicicleta, ela tem a placa com o nome do hotel, não sei
se isso faz alguma diferença ...”.
Foi então
que reparei no outro grupo, não tinha nada a ver com este. Estava
ali por acaso com uma Câmara de filmar, alheado do que se estava a
passar. Subitamente percebi tudo, saí de repente do meio deles e
pedalei para longe dali. Estive em vias de ser assaltado e ficar sem
a bicicleta.
A minha bicicleta |
No Begijnhof fica a casa mais antiga de Amesterdão. Esta. Ano 1465.
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Museu Histórico de Amesterdão |
Estacionamento junto da estação central. Onde está a minha bicicleta? |
Ainda bem que a deixei noutro sítio. |
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