“O reencontro com a flora nativa”
é o subtítulo da revista de bordo da SATA, a propósito do jardim botânico. Um local a 2, 6 km do centro de horta, trajeto
que fiz a pé em cerca de 40 minutos.
A sua missão fundamental é a “conservação,
propagação e preservação das espécies e habitats nativos dos Açores”, motivo de
sobra para o visitar, encontrar as espécies nativas e imaginar o ambiente
pristino e impoluto das ilhas, anterior ao povoamento.
Algumas das espécies enumeradas
na revista, com fotos retiradas de sites devidamente identificados:
Louro-das-ilhas (Laurus azorica).Imagem: SIARAM |
Faia-da-terra (Morella faya) Imagem: ISSG |
Gingeira-do-mato (Prunus azorica) Imagem:SIARAM |
Pau-branco (Piconia azorica)Imagem:SIARAM |
O Jardim preserva as espécies mais
raras, à temperatura de quinze graus negativos no banco das sementes, criado em
2003.
Está a ser construído um
orquidário onde se pretende expor mais de setenta espécies de orquídeas de todo
o mundo, parte significativa do espólio foi doado por um casal Finlandês.
Na freguesia de Pedro Miguel está-se
a proceder a um programa de recuperação da flora nativa, criando zonas
exclusivamente revestidas com plantas endémicas.
O meu guia foi o Sr. Paulo
Morrison que me falou das espécies endémicas e acima de tudo das utilidades que
as pessoas lhes davam. Um imenso conhecimento que se foi perdendo gradualmente, desde o fabrico de vassouras, até à
medicina natural e aos temperos.
O cedro-do-mato (Juniperus brevifolia) foi utilizado intensamente na construção e como combustível. Imagem: SIARAM |
Azevinho continental (Ilex aquifolium) Imagem: NCSU |
Azevinho-dos-Açores (Ilex perado) Imagem: SIARAM |
A urzela (Rocella tinctoria), líquene marinho, foi intensamente explorada no séc. XVI para produzir corantes, quase se extinguindo.Imagem: WKISPECIES |
Com os cubres (Solidago sempervirens) não sei o que se
fazia, mas devido à abundância da planta na ilha das Flores e à sua cor
amarela, esta adquiriu o cognome de ilha amarela.
Cada ilha tem uma cor associada a si:
Cubres (Solidago sempervirens) IMAGEM: SIARAM |
·
Graciosa, a ilha branca
·
São Miguel, a ilha verde
·
Pico, a ilha negra
·
Flores, a ilha amarela
·
Faial, a ilha azul
·
Terceira, a ilha lilás
Faltam três.
As plantas exóticas também
tiveram a sua utilidade na história dos açores:
Com o pastel (Isatis tinctoria) fabricava-se tinta
azul, cujo monopólio era detido pelos povoadores flamengos, que se instalaram no Faial.
Pastel (Isatis tintoria) Imagem: Wikimedia |
As famosas hortênsias (Hydrangea macrophylla) são orginárias do
japão, apesar disso foram adotadas pelos açorianos e representam uma imagem de
marca das ilhas. Em junho é incrível observar os tufos densos que ocupam as faixas das estradas e separam os prados.
Hortênsia (Hydrangea macrophylla) Imagem: SIARAM |
A conteira ou roca-da-velha (Hedychium gardnerianum), o nome varia
com a ilha, sinal do isolamento a que estiveram votados os ilhéus, é uma planta
com muitos benefícios que estão a ser estudados pela universidade dos Açores.
Conteira (Hedychium gardnerianum). Imagem: Wikimedia |
O clima açoriano é propício ao
desenvolvimento das mais diversas plantas que adquirem uma exuberância fora do
comum e deixa maravilhado quem visita o arquipélago.
Terminamos a beber uma infusão de
erva-príncipe, recolhida na hora num dos canteiros do jardim e conversamos um
pouco mais sobre o Faial. O Sr. Paulo Morrison é ele próprio um exemplo da
diversidade de pessoas que se cruzaram e fizeram a história da ilha. Neto de
uma francesa e de um escocês que veio trabalhar no telégrafo. As maiores empresas mundiais tinham aqui escritório.
Porto de paragem de iatistas e
dos primeiros hidroaviões transatlânticos.
Consoante as condições do mar os passageiros podiam ficar vários dias
antes de seguir viagem. Desenvolveu-se uma sociedade cosmopolita e aberta, com hotéis
chiques e animação permanente. Bandas de
música atuavam a animavam serões dançantes, fizeram-se equipas de futebol para
jogar contra os passageiros em trânsito. Os mais antigos clubes de futebol e de ténis
dos açores nasceram aqui.
O que sucedeu então para que a
ilha subitamente estagnasse?
Uma razão foi a erupção do vulcão
dos Capelinhos em 1957, esteve ativo durante 13 meses. Nesse período milhares
de pessoas abandonaram a ilha.
De tarde encontro-me no Peter`s
com o Marco Viegas. Está
prestes a concluir a tese de mestrado sobre o museu de scrimshaw da Horta, pretende criar uma base de dados com todas as
peças do museu.
Para mais informações sobre a
natureza dos Açores, onde se incluí o jardim botânico do Faial e outros locais
e jardins do arquipélago, desenvolvido pela da Direção Regional do Ambiente dos
Açores – SIARAM, de onde foram retiradas a maioria das fotos nesta entrada. Clicar aqui.
Interior do Jardim Botânico |
Sem comentários:
Enviar um comentário