Kurt Vonnegut diverte-se a falar
mal do planeta e da evolução humana. Para ele, o Homo sapiens é um “falhanço”
(página 21). “A evolução que vá para o inferno” (página 22), graças a ela o
homem construiu bombas atómicas, lançou o planeta no caos climático. Como
paradoxo da sua teoria, o homem deve ser Homo sapiens até ao fim, isto
é, ser coerente com os seus princípios e rebentar de uma vez por todas com
o planeta.
O livro foi escrito em 2004. K.V.
faleceu em 2007. George Bush Jr. era o
presidente dos Estados Unidos, por quem não se sentia minimamente representado,
nem pelas suas políticas. Chama aos políticos
contemporâneos de “adivinhos”.
“Um homem sem pátria” é o livro
de um autor que não se identifica com nenhum país em particular, que, por
acaso, nasceu nos Estados Unidos, no Indiana, no ano de 1922. Descendente de
alemães, foi soldado na segunda guerra mundial. Estava preso em Dresden quando
a cidade foi bombardeada pela Royal Air Force, 13 a 15 de fevereiro de 1945.
Julgou que ia morrer debaixo dos escombros: cada vez que uma bomba caia nas proximidades, a prisão estremecia.
Foi dos poucos que sobreviveu. Encontrou no humor e na escrita uma forma de
superar a incompreensão, o indizível, a destruição e o medo. Esteve muitos anos sem saber
como o fazer, até que em 1967 escreveu “Slaughterhouse
5”, “Matadouro 5”, livro semiautobiográfico, relato da experiência de Dresden.
A sátira e o humor permanente
significam que se está vivo. Dessa forma foi escrevendo e contando histórias até aos 84
anos. Considerava-se um socialista
utópico. Era ateu, no entanto, Jesus Cristo uma das suas referências, das mais fascinantes e generosas personagens da história. O “Sermão da Montanha”, exemplo do humanismo que o ser humano deve ter com os congéneres.
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