A quantidade de informação produzida
está a aumentar exponencialmente. No início
do século XIX correspondia essencialmente à imprensa escrita, ao telégrafo,
livros e revistas publicadas. Hoje, cem anos mais tarde, as plataformas
digitais revolucionam a quantidade de informação produzida. Todos nós publicamos
notícias, criamos a nossa própria informação, postando fotografias e textos em diversas
plataformas digitais. Neste momento, escrevo um texto para ser publicado no meu
blog – um entre milhões. Descobri recentemente que a informação no Instagram
pode ser duplicada no Facebook, se o publicante assim o pretender.
Milhões de pessoas em todo o mundo usam a internet, criam
informação de alguma forma. Soma-se a divulgação de todo o conhecimento
produzido até hoje, reproduzido, misturado, recriado e debitado pela inteligência
artificial, a publicidade que cai permanentemente nas contas de email e
pesquisas, a parafernália de textos para todos os gostos, fake news, true
news. Na política, predominam frequentemente
opiniões acérrimas e contraditórias, clubísticas quase. Os mais ponderados argumentos
deparam-se com as mais violentas críticas. O fanatismo, o ódio, a ignorância e
o preconceito são terreno fértil para a desinformação. O excesso de informação não
esclarece, lança ainda mais confusão no planeta Terra já de si muito confuso, e cujo estado de confusão se tende a agravar. Vivemos
numa Babel moderna.
Na antiguidade bíblica, os homens
quiseram subir até Deus. Começaram a construir uma torre gigantesca. Deus
castigou-os inventando diferentes línguas para se desentenderem. A construção
da torre parou. A tecnologia moderna, as
plataformas digitais, transformaram-se numa torre de Babel. Paradoxalmente, temos um planeta em que o aumento exponencial do número de pessoas a publicar conteúdos na internet contribui para o aumento exponencial da
invisibilidade desses mesmos conteúdos.
Portanto, sermos vistos e lidos
por alguém torna-se cada vez mais difícil. Somos “Invisíveis”. Apesar disso, vai-se
porfiando, escrevendo para si próprio e para os botões. Há um efeito catártico,
uma rememoração da vida, dos tempos, do passado e do presente. Uma dupla vida
que se quer viver, porque uma só não chega.
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A rota das faias deve ser deslumbrante
um mês mais cedo. Caminhar debaixo de copas frondosas, de folhas amarelecidas e avermelhadas, de
muitos tons, vendo os reflexos da luz do sol e sombras ondulantes refletindo-se
na terra. Mesmo assim, foi impactante ver os troncos e copas despidas, alinhadas
em direção ao céu. Gigantes esquálidos adormecidos. Imponentes, colocando os minúsculos humanos em
sentido e respeito.
Caminhar na natureza é uma experiência
religiosa. Reconfortante. As árvores no seu ambiente natural são como Deuses
pagãos desconhecidos e inominados, comunicando
connosco. Não há língua que traduza o
que dizem. Nenhuma Babel consegue destruir o seu significado, porque só o
silêncio importa.
As casas dos guardas florestais, devolutas
todas por onde passei nas estradas da serra da Estrela, representam tempos em
que a floresta era mais valorizada. Foi um erro encerrá-las. Devia ser interessante
viver ali: o guarda, mal saia de casa, começava imediatamente a trabalhar em contacto
com a natureza. Trabalhava-se “a partir
de casa”, tal como os faroleiros no farol.
Os trabalhadores da Câmara
Municipal de Manteigas construíram o bosque de faias no início do século XX, anónimos
fizeram este monumento natural que atrai
todos os anos milhares de pessoas à
serra da Estrela.
O Folheto do percurso de pequena rota está aqui. Trilho bem sinalizado. Recomenda-se realizá-lo em outubro/
novembro, para apreciar as copas nas
suas cores outonais mais esplendorosas. O
início do trilho, com poucas árvores, deve
ser muito agreste no verão e nos dias mais frios do ano é possível que tenha neve.
Capela de São Lourenço |
Posto de Vigia dos incêndios |
Pinheiros-do-Oregon |
Faias despidas |
Casa do Leite |
Miradouro de Manteigas |
Manteigas |
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