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Miradouro de São Leonardo de Galafura |
Os cachorritos catam-se um ao
outro no jardim, deitados à sombra, consolados. Ando ali a tirar
fotografias, um deles aproxima-se a farejar-me, parece simpático. Volta para o
pé da cadela.
Encontraremos mais cães
pachorrentos nas estradas e aldeias onde passaremos. Em São João da Pesqueira, um estendido no meio da rua, a arfar, aproveitando o calor
aprazível do asfalto ao fim da tarde. Não saía, mesmo depois de buzinarmos, indiferente ao perigo do automóvel.
Tivemos de o contornar: “Olá, amigo, isso é que é vida!”
Entramos no Maria Rita, o
classicismo das salas assoberbou-nos imediatamente. Subitamente tínhamos o século XIX na nossa frente. Nem mesmo o prévio deambular pela aldeia vazia, quase abandonada,
de prédios rústicos devolutos, que já foram senhoriais, nos preparou para o
ambiente que encontramos ali dentro. Os clientes falavam em surdina, o som
do piano espalhava-se pelo interior. Mesas de madeira sólida, candelabros e
quadros antigos nas paredes; talheres cintilantes colocados ordenadamente em volta dos pratos de porcelana com o nome do restaurante, os copos pesados de vidro e os flutes de cristal ao redor, conforme a etiqueta; a lareira ao fundo da sala com cadeirões de estofo acetinado. O restaurante Maria Rita é
um clássico. Inicialmente foi uma pensão construída na freguesia de Romeu de
Jerusalém, no concelho de Mirandela. O único local da aldeia que atrai visitantes, a aldeia, essa, denota um
passado com história, ter sido um
local bem mais animado do que é hoje. Atualmente, é um retrato fiel do país: envelhecido,
com tanta história e motivos de interesse, completamente desprezados e
abandalhados, em prol de uma pseudomodernidade que privilegia o urbanismo desenfreado, a autoestrada e o
centro comercial.
Compramos azeite na loja e
soubemos que o museu das curiosidades está encerrado há muito tempo. Mais tarde,
em Tabuaço, uma das mais valiosas peças do museu - o RIJOMAX – o relógio mais
completo do mundo - também teve de ser transferida para o posto de turismo, por
falta de condições no edifício.
Construído por um ourives local,
o senhor Amândio José Pinheiro, é uma peça rara que denota a minúcia e a
precisão do autor, como também os seus conhecimentos exaustivos de astronomia. Indica
os anos bissextos, horóscopos, ciclos da lua, datas do carnaval e páscoa até
2113, o calendário Grego. Muita informação num simples aparelho de rodas.
Demorou 28 anos a ser construído.
O mais curioso é que quando o seu
construtor morreu, pouco tempo depois, o relógio deixou de funcionar e nem
mesmo os melhores relojoeiros do mundo o conseguiram por a trabalhar: como se
com a morte do pai, o filho fosse incapaz de sobreviver sozinho.
Fomos sem destino definido
conhecendo alguns dos miradouros do Douro, de Carrazeda de Ansiães descemos à
aldeia de Seixo e dali ao miradouro do Douro. As estradas tinham pouca sinalização, não havia ninguém nas ruas para
nos esclarecer.
No miradouro de São Leonardo de Galafura
vemos escritos nas paredes das ermidas os inevitáveis poemas e prosas do Transmontano
mais famoso de todos: Miguel Torga. Muitas
quintas nas margens, mas emerge uma questão: aonde está a mão de obra para estes
socalcos?
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Romeu de Jerusalém |
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Romeu de Jerusalém |
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Romeu de Jerusalém |
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Restaurante Maria Rita, Romeu de Jerusalém |
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Restaurante Maria Rita, Romeu de Jerusalém |
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Romeu de Jerusalém
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Romeu de Jerusalém
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Romeu de Jerusalém
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Restaurante Maria Rita, Romeu de Jersusalém |
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Miradouro do Douro, Seixo de Ansiães |
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Miradouro de São Salvador do Mundo, São João da Pesqueira |
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Miradouro de São Salvador do Mundo, São João da Pesqueira |
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Quinta do Cidrô, São João da Pesqueira |
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Rijomax - Tabuaço |
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Rijomax - Tabuaço |
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Rijomax - Tabuaço |
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Tabuaço |
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Rio Távora |
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