segunda-feira, 15 de julho de 2024

Breve História de Portugal

 


Uma visão diferente da história de Portugal, a partir de "baixo", dos movimentos sociais e das dinâmicas revolucionárias, do povo em ação, procurando  a melhoria da sua condição material, afirmando-se como sujeito do seu destino.

As narrativas históricas  vigentes são contadas pelos vencedores - as classes detentoras do poder económico e político. Raquel Varela e Roberto Della Santa desfazem o mito do Estado-Nação benévolo, criação "burguesa" que reprime os movimentos  utópicos e solidários dos povos, oferecendo uma visão internacionalista da história, dos trabalhadores e operários,  unidos contra a opressão de um estado que não os representa,  mas sim ao capital transnacional,  contra a competição do mercado que os descarta com maus salários, precariedade e a ameaça constante do despedimento.

As revoluções liberais do século XIX não foram mais do que a substituição do ancient regime, de uma velha aristocracia latifundiária, por um regime burguês que representava uma nova forma de acumulação do lucro. A implantação da República foi uma revolução que surgiu no contexto do "capitalismo tardio" português,  incapaz de solucionar a permanente crise social do país. Mudou o regime mas manteve inalteradas as relações intrínsecas e estruturais de domínio de uma classe minoritária sobre a maioria miserável da população. Raquel Varela e Roberto Della Santa dão-nos uma perspetiva muito diferente dos discursos oficiais e da ensinada nas escolas.  As tensões e os conflitos sociais crescentes viriam a ser reprimidas com o "pacto" entre proprietários, monopólios económicos, igreja, polícia e exército no Estado Novo. O Fascismo.

De realçar a emoção com que Raquel Varela narra o período revolucionário pós 25 de abril. É evidente a sua simpatia  com o povo que tomou o destino nas suas mãos.

Gostei das constantes referências  a livros, filmes, autores,  contextualizando os diferentes períodos retratados no livro com os movimentos artísticos, demonstrando que arte, política e cultura são indissociáveis.

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