Sé do Porto |
O artesão pré-capitalista é um
mestre na sua arte, conhece as técnicas e todas as etapas do processo de
fabrico do objeto. É reconhecido profissionalmente. O trabalho dá-lhe sentido de pertença a uma coletividade, realiza-o socialmente.
O operário pós-capitalista é um
“apêndice da máquina” (Raquel Varela, Breve História de Portugal, pág. 103),
realiza um trabalho parcelado, desconhece o processo global de fabrico. É mais
uma peça de uma engrenagem sobre a qual não exerce qualquer controlo. O trabalho
é alienante.
A máquina torna-o mais ignorante do que ao artesão, substituiu-o na realização do trabalho. O
operário é um “ativo” controlado por ela, propriedade do patrão, mais facilmente chantageado com o despedimento e os baixos
salários.
A invenção da máquina desempenhou uma função idêntica à invenção do computador e da Inteligência Artificial.
Ambos são meios sofisticados de substituir o Homem na sua capacidade de
realizar tarefas e de pensar. Primeiro, deu-se a alienação do trabalho e, agora, corre-se o risco de se alienar o pensamento.
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As catedrais medievais da Europa
Ocidental são o resultado do trabalho coletivo de grémios de artesãos, significativo e socialmente reconhecido, que contribuiu para a construção de obras
arquitetónicas magnificentes.
Sé do Porto |
A economia de mercado
teve os seus primórdios nas cidades estado italianas e nelas ocorreram as
transformações artísticas e culturais subsequentes que iriam influenciar a
arte ocidental, colocando o “Homem no centro
do mundo”. O individualismo, o primado
do indivíduo sobre a coletividade, fetiche da economia de mercado, teve, no movimento Romântico do século XIX, uma das suas mais importantes manifestações estéticas e culturais. Surgiu logo após a revolução indústrial como reação à destruição dos ambientes naturais,
valorizando a natureza e o Homem solitário, apartado dos seus contemporâneos, privilegiando as manifestações da sua personalidade, em detrimento da sociedade.
Na arquitetura das cidades deixaram
de ser reconhecidas as obras coletivas, os monumentos passaram a ser
identificados pela assinatura dos engenheiros e arquitetos que os conceberam.
Gustave Eifell é o caso mais paradigmático em Portugal.
Ponte D. Luís, concebida por Eifell |
Rua dos Mercadores O artesão pré-capitalista é um mestre na sua arte, conhece as técnicas e todas as etapas do processo de fabrico do seu objeto. |
Rua dos Caldeireiros, capela de Nossa Senhora da Silva |
Rua dos Guindais |
Igreja de São Gonçalo |
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