A comunidade científica diverge quanto aos cenários futuros,
relativamente ao empobrecimento social, ecológico e às consequências das
alterações climáticas na humanidade.
O planeta atravessa uma conjugação de várias crises, a policrise, de consequências mais poderosas e
destrutivas do que a soma, em separado, dessas crises. Subdividem-se em dois aspetos: o ambiental e o social. Os sinais da crise
ambiental incluem as alterações climáticas, a redução dos espaços selvagens, o
esgotamento imparável dos recursos, a poluição crescente do ar e da água, a
escassez de água potável e a destruição dos solos férteis. No aspeto social as
evidências são a desigualdade económica crescente, a pobreza, a utilização intensa
e imprevisível da tecnologia, o racismo, e outras formas de discriminação, de
que resultam a ascensão do autoritarismo, relegando para segundo plano as preocupações
ecológicas com a recuperação ambiental e
a construção de sociedades mais
resilientes aos impactos das alterações climáticas.
Colocam-se as opções de continuar
a acreditar que o crescimento económico e o consumo de recursos trarão um futuro
parecido com o presente, com mais tecnologia, riqueza e mobilidade. Ou o dever,
e o compromisso, de alterar o paradigma socioeconómico, devotando os esforços
da humanidade a uma diminuição progressiva e “graciosa” da sua complexidade.
Em 1972 foi publicado o estudo: “Os
Limites do Crescimento”, que conjugou três fatores: crescimento populacional, crescimento do
consumo e o esgotamento dos recursos. Baseando-se em modelos computacionais os autores concluiram que, a manter-se o atual paradigma económico, a sociedade industrializada, como
a conhecemos, colapsará provavelmente em meados do século XXI. É teoricamente
possível um apocalipse nuclear e o fim da humanidade. O mais provável será,
contudo, um futuro caracterizado por turbulência social, económica, política e
ecológica, intercalado por alguns momentos de acalmia em que a solidariedade
prevalecerá.
A humanidade não pode cair na
autoflagelação, seguindo o rumo insano de esgotamento dos seus recursos sem considerar
outras alternativas. Devem ser fortalecidas a cooperação local e as estratégias
que promovam a resiliência social, económica e ambiental. As opções políticas que faziam sentido antes da policrise,
como o crescimento económico permanente, devem ser substituídas pela vontade de
construir uma maior resiliência ao nível local. É fundamental a cooperação para
racionalizar o uso de recursos cada vez mais escassos, aumentando as hipóteses
de sobrevivência e uma vida digna ao maior número possível de seres humanos.
Construímos uma civilização global
de complexidade, riqueza e desigualdade tremendas, dependente do consumo e
extração crescente de recursos e de combustíveis fósseis, altamente poluentes.
Deve ser imaginado o futuro, colocando
a seguinte questão:
Que feitos alcançados pela
humanidade os seus descendentes distantes quererão receber?
Ninguém quererá um planeta devastado. Os nossos descendentes apontarão o dedo aos antepassados sabendo o quão confortável e aconchegante ele era. Ficarão chocados com a ostentação e a destruição inútil dos seus recursos. Ou talvez não.
Referência:
Praia dos Pescadores, Espinho |
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