Não comemos
a sardinhada que almejávamos. Iludimos o desconsolo com os biscoitos de
amendoim comprados numa barraquinha de doces tradicionais, das poucas que não tinha
fila.
As pessoas
são gregárias, estão com saudades das festas populares. É uma loucura a
quantidade de gente sequiosa de diversão. A pandemia despoletou essa vontade
latente.
Não é por
acaso que as principais festas populares se comemoram próximas umas das outras
e encostadas ao solstício de verão. A celebração do dia mais longo do ano é
pagã. Era impossível impedir as comunidades primitivas de celebrar o sol e
a noite, rituais animistas entranhados nos ciclos da terra e do homem, em
comunhão entre si. A igreja substituiu os velhos ritos de acordo com os seus
dogmas. Foi ardilosa: em vez de os reprimir deu-lhes um novo
revestimento, associou-lhes personalidades e eventos da nova religião,
emergente na europa.
O Natal
celebra-se próximo do solstício de Inverno, a Páscoa do equinócio da primavera
e o Dia de Todos os Santos do equinócio do outono. Celebrações cristãs que
adquiriram e adotaram rituais que se praticavam anteriormente. Existem estudos
sobre o tema, seguramente. Não tenho mais elementos do que estes. Mas faz todo
o sentido que assim seja.
Gosto de
pensar nas festividades como um ritual que vem de uma tradição mais antiga e
primitiva, mais próxima da loucura e do irracional. De algo que ainda não
estava dominado pelos cânones cristãos, que não tinha de ser sancionado
por entidades político-religiosas, formatadoras da moralidade e dos
costumes.
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