Parque das Corgas, Seixezelo |
O parque das Corgas, em Seixezelo, tem cerejeiras, um jardim cuidado, quase sempre vazio, e a nascente do rio Febros.
Será possível explorar o rio da nascente até à foz?
São quinze quilómetros pelo interior do concelho de Vila Nova de Gaia,
através das freguesias de Seixezelo, Olival, Pedroso, Avintes e Oliveira do
Douro, onde desagua no rio Douro, no cais do Esteiro.
É útil observar previamente um mapa da zona, anotando o nome das ruas próximas, caso não hajam alternativas por trilhos selvagens: Cerejeiras, Igreja, Vessada, Ameal, Lavadorinhos - desenhando trajetos que sigam o mesmo destino.
A travessa da Gândara é um caminho de terra entre campos lavrados, com ervas e um trilho de pneus de trator.
A predisposição muda imediatamente. Caminhar em trilhos de
terra e erva é como regressar aos primórdios da história do homem, voltar a uma sensação de aconchego, estar
mais próximo das origens.
Estamos tão habituados a caminhar
em passeios de pedra e de alcatrão – ou nem isso – que perdemos a noção de como
é colocar os pés na terra. São momentos mais relaxantes do que os
restantes, apesar dos encontros com cães que ladram furiosos, mesmo que presos por cadeados e atrás dos muros.
Gândara: sinónimo de charneca, terreno despovoado coberto de plantas agrestes.
É
curioso que, apesar de estarmos no concelho de Vila Nova de
Gaia, o mais povoado do norte de Portugal – cerca de 320000 habitantes, a
paisagem, em certos locais, mantem-se próxima da toponímia original. Muito diferente dos centros urbanizados.
Uns senhores que conversam na esplanada do café Misinha, na rua do Ameal, dizem para seguir pela direita, pela
rua da Lebre.
No alto de Tabosa não há sinais do rio ou um vale visível que sugira passar ali perto.
Um fulano espreita furtivamente do quintal de uma casa rústica com espigueiro. Não quer conversa, é incapaz de ajudar, de dar informações.
As poucas pessoas que palmilham a rua são geralmente reservadas e distantes, não cumprimentam. Por vezes convém olhar-lhes nos olhos, delicadamente, para lhes dizer “Boa Tarde”, caso olhem também, o que nem sempre acontece. Cruzamentos silenciosos entre pessoas estranhas.
Casas isoladas, descaracterizadas, de paredes por pintar. Antigas e devolutas, que já foram vistosas, delas restando apenas paredes, telhados caídos, estores partidos e fechados. Urbanizações recentes, vivendas modernas e luminosas. Gente escondida atrás dos muros, ou ausentes. Outras com vidas atarefadas que se isolam para descansar, esquecer os burburinhos do trabalho, viver a sua intimidade. Saíram de carro para longe e voltaram ao fim do dia, mal conhecendo os vizinhos e o sítio.
Cafés onde velhotes e jovens ociosos passam o tempo com a garrafa de cerveja na mão, vendo quem passa, discutindo futebol – num ou noutro nota-se o olhar toldado pelo
álcool.
Prados cuidados. Animais a pastar. Contentores a abarrotar de lixo.
O ruído de carros apressados que
se aproximam e colocam em alerta os poucos que caminham, subindo os passeios – se os
houver – ou encostando-se aos muros.
O tempo passa, é útil recorrer à tecnologia e usar o GPS. São 5, 2 km – 1h20m, desde o tanque de Tabosa até ao Parque Biológico de Gaia.
Sanfalhos, Mexedinho, Cavadas, sítios de nomes familiares, curiosos, nos quais habitualmente se passa de carro, sem
tempo para Parar e Observar. A pé é diferente. Sente-se de
outra forma.
O corpo habitua-se a marchar, caminha
automaticamente, libertando o cérebro e o espírito. Os pensamentos fluem mais
facilmente.
É importante, mesmo quando se caminha próximo de casa, calçar meias e sapatilhas adequadas. A simples fricção da bota no calcanhar é suficiente para ferir a pele e causar incómodo. Pode estragar os planos de caminhadas longas e diárias.
O rio Febros surge de águas transparentes e inodoras, como uma levada, quase em Avintes. As lontras fugidias voltaram a ser avistadas pelos cuidadores do Parque Biológico e na Quinta do Chão de Carvalho, sede do FAPAS, cujos terrenos são atravessados por ele. As duas instituições organizam, no mês de junho, observação de pirilampos. Algo inédito e cada vez mais raro, numa região tão povoada e industrializada como esta.
Finalmente o parque
biológico. O painel de sinalização do trilho do rio Febros – PR1 de VNG - encontra-se na rua de São Tusso (ou santo Tirso), numa rua escondida por trás. Desce-se pela rua 1.º de maio, faz-se o desvio à esquerda e segue-se depois por um caminho de paralelos até encontrar o painel de início do trilho. Os últimos 4 Km até à foz.
Nascente do rio |
Parque das Corgas |
Rua da Igreja, Seixezelo |
Rio Febros na rua da Vessada, próximo da nascente. |
Travessa das Gândaras |
Travessa das Gândaras |
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