Fojo das Pombas |
Nos dias frios de Inverno as neblinas evolavam dos buracos escavados nas encostas da serra. Diziam as gentes de então que eram os cozidos das mouras. Na realidade, trata-se apenas de um simples fenómeno atmosférico: o calor do solo em contacto com o ar frio provoca a condensação da humidade. A serra fica envolvida num ambiente de brumas, propícias ao misticismo. Assim, surgiu mais este mito de mouras encantadas, que cozinhavam escondidas nas entranhas da serra, cujos fumos chegavam cá fora.
Os inúmeros fojos espalhados na serra de Valongo são túneis escavados no tempo dos romanos, para oxigenar o interior das minas. Muitos estão sinalizados e vedados por cordas e arames. Outros continuam ocultos entre as silvas e as rochas. É perigoso caminhar fora dos trilhos. Este foi provavelmente o maior complexo mineiro do império romano. "Tratava-se de um sistema produtivo brutal", diz o José Rio Fernandes. Era um sítio pouco habitado, como continua a ser atualmente (comparativamente com outras zonas do grande Porto), dedicado exclusivamente à extração e transporte do ouro e à alimentação dos escravos. O ouro partia depois de Crestuma para Roma.
No fojo das Pombas, onde terminamos a nossa visita, o microclima húmido e quente permitiu o desenvolvimento de fetos, plantas raras e o estabelecimento de colonias de morcegos-de-ferradura que se alimentam de insectos.
Antes havíamos parado na aldeia de Couce e junto de formações rochosas nas quais a Isabel Fernandes explicou a origem do relevo dos locais que visitamos. O V invertido da anticlinal de Valongo é o resultado dos movimentos tectónicos que dobraram a crusta e do posterior desgaste provocado pela erosão dos xistos, onde os rios Sousa e Ferreira foram escavando os seus vales. Restaram as cristas quartziticas, muito mais resistentes à erosão, que hoje formam a anticlinal, constituída, entre outras, pelas serras de Pias e de Santa Justa.
Umbilicus rupestris (Umbigo-de-Vénus) |
Couce, Valongo |
Linária |
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