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Colunata de Bernini em São Pedro |
O Barroco marca a fisionomia da cidade. O Séc. XVII conjugou a opulência e a riqueza papal com o talento único de artistas capazes de, com a sua criatividade, talento e dinamismo, alterar e moldar definitivamente a face de Roma. O mais destacado foi Bernini (1598 – 1680). As suas obras são visíveis gratuitamente no museu aberto que é a cidade dos papas (a fonte central da Piazza Navona, a colunata de São Pedro, a igreja de Sant`Andrea al Quirinale, a estátua de Daniel em Santa Maria del Popolo). O estilo caracteriza-se pela exuberância e o exagero, ao mesmo tempo demonstra uma leveza e graciosidade criadas em materiais como o mármore, através de rendilhados, dobras e pregas que só os artistas prodigiosos conseguem.
O Museu do Vaticano é visitado diariamente por milhares de pessoas. É uma experiência avassaladora e impossível de abarcar, tamanha a grandiosidade e variedade de artistas, obras e épocas expostas. Ou se é um grande apreciador de arte, conhece-se exatamente o que se quer ver e demora-se na observação, sendo necessários muitos dias e regressos. Ou então passa - se a correr pelas obras, como foi o meu caso e o da maioria dos visitantes. Vê-se sem conhecer. A fruição necessita de silêncio, tempo e conhecimento, algo pouco compatível com o turismo de massas. No entanto, estive sentado alguns minutos na capela Sistina a olhar a abóbada e as paredes, noutras salas vi uma Pieta de Van Gogh - não fazia ideia que havia uma Pieta de Van Gogh! - Jesus Cristo é um autorretrato do pintor; observei a quietude dos objetos nas naturezas mortas de Giorgio Morandi. Tudo o resto parece trivial, o que é um paradoxo tratando-se de gigantes italianos que nem vale a pena dizer quem são. É como olhar para uma constelação de estrelas numa noite de Verão, são tantas.
A Sala dos Mapas empolgou. Um papa louco por geografia ordenou a pintura das cartas geográficas de Itália, com metros quadrados de área, nas paredes. Não há estradas e linhas de comboio, apenas os nomes de cidades isoladas umas das outras no cimo dos montes, linhas e manchas azuis que significam rios e Lagos. O resto são lugares a verde, sem humanos, ocupados por bestas, que causavam superstição e medo. Há uma sensação de antiguidade e de quietude, de um tempo em que o planeta era habitado por povos desconhecidos. Lembrei-me do Senhor dos Anéis, de combates épicos, de mitos. O museu é tributário da loucura e excentricidade de sumos pontífices. Quem se lembrou de decorar a abóbada da capela e as paredes dos aposentos privados com frescos?
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Georgio Morandi, Natureza-morta |
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Van Gogh, Pieta |
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Museu do Vaticano, Sala dos Mapas |
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Museu do Vaticano, Sala dos Mapas |
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Museu do Vaticano, Sala dos Mapas |
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Museu do Vaticano |
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Bernini, Fonte do Tritão, Piazza Bernini |
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Bernini, Fonte dos 4 rios, Piazza Navona |
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Bernini no MV |
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