sábado, 30 de julho de 2022

A Arte em Roma

Colunata de Bernini em São Pedro 

O Barroco marca a fisionomia da cidade. O Séc. XVII conjugou a opulência e a riqueza papal com o talento único de artistas capazes de, com a sua criatividade, talento e dinamismo, alterar e moldar definitivamente a face de Roma. O mais destacado foi Bernini (1598 – 1680). As suas obras são visíveis gratuitamente no museu aberto que é a cidade dos papas (a fonte central da Piazza Navona, a colunata de São Pedro, a igreja de Sant`Andrea al Quirinale, a estátua de Daniel em Santa Maria del Popolo). O estilo  caracteriza-se pela exuberância e o exagero, ao mesmo tempo demonstra  uma leveza e graciosidade criadas em   materiais como o mármore, através de rendilhados, dobras e pregas que só os artistas prodigiosos conseguem.

O Museu do Vaticano é visitado diariamente por milhares de pessoas. É uma experiência avassaladora e impossível de abarcar, tamanha a grandiosidade e variedade de artistas, obras e épocas expostas. Ou se é um grande apreciador de arte, conhece-se exatamente o que se quer ver e demora-se na observação, sendo necessários muitos dias e regressos. Ou então passa - se a correr pelas obras, como foi o meu caso e o da maioria dos visitantes. Vê-se sem conhecer. A fruição necessita de silêncio, tempo e conhecimento, algo pouco compatível com o turismo de massas. No entanto, estive sentado alguns minutos  na capela Sistina a olhar a abóbada e as paredes, noutras salas  vi uma Pieta  de Van Gogh - não fazia ideia que havia uma Pieta de Van Gogh! - Jesus Cristo é um autorretrato do pintor; observei a quietude dos objetos nas naturezas mortas de Giorgio Morandi. Tudo o resto parece trivial, o que é um paradoxo tratando-se de gigantes italianos que nem vale a pena dizer quem são. É como olhar para uma constelação de estrelas numa noite de Verão, são tantas.  

A Sala  dos Mapas empolgou. Um papa louco por geografia ordenou a pintura das cartas geográficas de Itália, com metros quadrados de área, nas paredes. Não há estradas e linhas de comboio, apenas os nomes de cidades isoladas umas das outras no cimo dos montes, linhas e manchas azuis que significam  rios e Lagos. O resto são  lugares a verde, sem humanos, ocupados por bestas, que causavam superstição e medo. Há uma sensação de antiguidade e de quietude, de um tempo em que o planeta era habitado por povos desconhecidos. Lembrei-me do Senhor dos Anéis, de combates épicos,  de mitos. O museu é tributário da loucura e excentricidade de sumos pontífices. Quem se lembrou de decorar a abóbada da capela e as paredes dos aposentos privados com frescos?

Georgio Morandi, Natureza-morta 

Van Gogh, Pieta

Museu do Vaticano, Sala dos Mapas

Museu do Vaticano, Sala dos Mapas

Museu do Vaticano, Sala dos Mapas

Museu do Vaticano 


Bernini, Fonte do Tritão, Piazza Bernini


Bernini, Fonte dos 4 rios, Piazza Navona 





Bernini no MV






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