O Percurso tem o seu início junto
à Câmara Municipal da Lousã e do pelourinho. As primeiras centenas de metros
desenrolam-se dentro da área urbana da vila, uma oportunidade para apreciar a
arquitetura tradicional e os belos edifícios brasonados que se nos apresentam.
A primeira evidência é que o
trajeto está muitíssimo bem sinalizado, nota-se que as cores são recentes e as
marcas do PR1 são constantes, não havendo hipóteses de engano.
A partir da fábrica de papel do
prado, uma das mais antigas do país, senão a mais antiga, começa a terra
batida. O percurso é fácil, limpo e seguro, contudo a exigir cuidados. Do lado
direito, paralelo ao trilho, segue a levada que fornece a fábrica do papel, por
vezes no fundo de uma ravina. Após os primeiros passadiços e ponte de madeira
sobre a Ribeira de São João, seca nesta altura do ano, neste local, o caminho
bifurca. Optei por não passar a ponte e seguir junto ao riacho quase seco,
saltitando de um lado para outro das margens, encontrando os moinhos
abandonados, degradados e invadidos pela vegetação, que dão nome a este pequeno
trilho. Contei uns cinco ou seis. CUIDADO: No inverno e em épocas chuvosas a
ribeira de São João pode galgar as margens e tornar extremamente perigosa a
realização do trilho, existe o risco de enxurrada, aliás este aviso está indicado
no painel de inicio do percurso junto da câmara municipal e também no próprio
trilho, contudo, só quem fizer o trilho no sentido inverso é informado atempadamente,
o aviso surge para quem vem do castelo em direção ao centro.
Após uma pequena subida chega-se
às traseiras do castelo, à rua de acesso ao parque de estacionamento. Um
momento para relaxar um pouco, contornar o velho alambor, a fortificação
muralhada do castelo, e conhecer um pouco mais a história deste local encantado.
O emir Arunce, chefe militar muçulmano destas terras antes da reconquista
Cristã, foi pai de uma formosa princesa, Peralta de seu nome, por ela se
apaixonaram guerreiros cristãos e desde então o seu nome ficou na lenda e
memória popular. Outros painéis indicam o início de outros trilhos para as
aldeias do xisto da Lousã.
O trilho contorna a praia fluvial
de Nossa Senhora da Piedade, seguramente uma das mais bonitas de Portugal, uma
oportunidade excelente para mergulhar nas águas frias (só custa entrar) mas
reconfortantes da praia e desentorpecer os músculos neste local idílico. Convém
levar uma pequena toalha e calções de
banho. Antes ou após o banho deve-se aproveitar para calcorrear os trilhos em
lajes de xisto, que percorrem as diferentes ermidas, recordo a de Nossa senhora
da Piedade, São João e a Capela do Senhor dos Passos. Mas, acima de tudo, a
paisagem frondosa e este belo enquadramento entre a história militar de
Portugal, o castelo da Lousã fazia parte de uma linha de defesa avançada na
época da reconquista cristã, religioso e paisagístico.
De realçar ainda o restaurante
Burgo, uma excelente oportunidade para uma bela almoçarada ou jantarada,
consoante a hora, e de provar uma gastronomia onde imperam os pratos e produtos
mais tradicionais e imprevisíveis, como o cabrito ou o javali.
O regresso faz-se seguindo as
orientações do PR. Neste ponto acho que deviam haver indicações mais claras
sobre quais os PR que estamos a seguir, visto que há vários que partem e chegam
a este local provenientes da serra e às tantas não sabemos bem qual deles é o
pretendido. Não é grave, facilmente, seguindo o bom senso e a memória visual,
não levei mapa, mas recordo-me que o trilho tinha que contornar a praia
fluvial, regressei ao centro da vila. Contudo, mais uma vez, é necessário ter
muito cuidado, com a descida, após as ermidas, uma escadaria muito ingreme, em
xisto, e que nos tempos mais chuvosos e húmidos pode originar quedas graves. A
ravina aqui é alta. Na travessia da ribeira, seria útil uma corda metálica na
parede rochosa, o espaço é estreito. Segue-se em terra batida até à ponte suspensa que vi na ida para o castelo, após a travessia o trilho é o mesmo do
início, desta vez com a levada do lado esquerdo.
Resumindo: trilho interessante,
bonito, frondoso, bem sinalizado, de fácil realização, com avisos de perigo de
enxurrada, contudo os moinhos a necessitarem
de recuperação, mais passadiços, grades e cordas metálicas nos
locais mais ingremes, para a segurança ser total.
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Câmara Municipal da Lousã |
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O curioso pelourinho da vila, atrás do edifício da câmara. |
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A igreja matriz |
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Capela da misericórdia, século XVI |
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Palácio dos Salazares, transformado no hotel de charme Melia Boutique Lousã |
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Fábrica da Companhia de Papel do Prado, a partir daqui, mais à frente, o trilho passa a terra batida. |
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A ponte suspensa, na ida optei por não atravessá-la e seguir pela margem da ribeira. No regresso, cruzei a ponte de lá para cá e segui a mesmo trilho, em sentido inverso. |
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Um dos moinhos do trilho, ou o que resta dele, tal como os outros que encontrei |
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Outro moinho |
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As primeiras panorâmicas das ermidas |
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Capela do Senhor dos Aflitos, restaurada há poucos anos, com o castelo da Lousã no fundo. |
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A Praia Fluvial da Nossa Senhora da Piedade |
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O Restaurante Burgo By day and by night |
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Pormenor de um edifício de apoio na zona das ermidas |
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Trajeto entre as ermidas, o piso em xisto |
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A tal descida íngreme e perigosa, após as ermidas, já no regresso à Lousã |
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Quase a chegar ao fim do trilho em terra batida e prestes a passar junto à entrada da fábrica de papel |
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As curiosas placas com o nome das ruas no centro da vila da Lousã |
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