domingo, 5 de janeiro de 2025

As Bestas

 


A energia eólica dá dinheiro aos donos dos terrenos. Uma bênção para muitos.  Costumam aparecer ambientalistas, geralmente gente urbana que não conhece a vida árdua do campo, contra a instalação dos parques. Pessoal cosmopolita pensando pelos outros,  julgando que partilham as mesmas vontades e ideias que eles. Defendem a preservação da natureza, a paisagem e a integridade territorial. A riqueza vem pelo turismo sustentável. 

Podia estar a acontecer connosco,  numa das nossas aldeias.  Assistimos como se fizéssemos parte do enredo, observando o simpático  casal de Franceses  que abandonou  a  vida no seu país a atirou-se de alma e coração a uma  nova vida na aldeola galega, perdida nas montanhas.   Local que os apaixonou e que o terão conhecido fazendo o caminho de Santiago – a certa altura veem-se peregrinos de mochila às costas calcorreando a floresta. Detalhe irrelevante. O importante é que chegam cheios de vontade, pondo mãos à obra, recuperando estábulos e pardieiros, trabalhando a terra, cultivando alimentos, vendendo  no mercado local. 

A  chegada gera um conflito entre dois modos de ser, perspectivas de vida e anseios antagónicos, mostrando o lado polido e educado do ser humano e os seus instintos mais sombrios e violentos.   A  maldade do mundo bem explicada pelos olhos das “bestas” até se torna compreensível. O Homem é capaz, consoante o ambiente em que cresce,  do melhor e do pior. As duas  facetas  através de uma história, interpretações e ambientes absolutamente realistas. 

Convincente e tenso do princípio ao fim. Dos melhores  que vi nos últimos meses. 

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