O ambiente muda nos 400 km de distância, que separam o Norte do Algarve. Saio das praias ventosas e frias, e das habituais neblinas matinais, para o calor e luz do Sul. As esplanadas estão cheias de pessoas, há músicos de rua, falam-se várias línguas. Parece um verão normal, não fossem algumas caras com máscara. É quase como se não houvesse COVID. O meu espírito muda em poucas horas, bastou viajar umas centenas de quilómetros mais para sul.
O centro de Olhão é labiríntico, estilo medina. Casas brancas de três pisos e açoteias dispersas por ruelas estreitas, onde dificilmente passa um carro.
A Guest House é gerida por um casal israelo-belga, escondida numa viela pedonal do centro. Nos terraços exteriores vê-se a marina, os telhados da cidade velha e o campanário - bastava trocá-lo por um minarete e estaríamos no Norte de África.
No dia seguinte pela manhã, visitamos o buliçoso mercado de Olhão. Uma das bancas tem um fio com pimentos de várias cores pendurados e um cartaz a fazer-lhes publicidade, que diz: "Tudo vai PICAR bem".
Apanhamos o barco para a ilha do Farol. Falamos com o sr. João, que veio ao mercado comprar peixe e regressa à ilha, onde passa alguns dias de férias.
O primeiro de alguns mergulhos. Água tépida, ondulação suave, cor azul esverdeada do mar. Deito-me na espreguiçadeira a ler "José", de Rúben Fonseca, e depois dormito debaixo da sombrinha, embalado pelo som da ondulação.
Com os amigos partilho as coisas boas da vida. Fazemos uma bela almoçarada no "À do João" - não podia deixar de ser aqui neste sítio! - vinho branco fresquinho a celebrar o momento, alegria, boa conversa - um bife de atum divinal: "Não conheço melhor em mais lado nenhum", diz o meu amigo e talvez tenha razão. O restaurante fica em cima do areal e em poucos minutos estamos novamente nas sombrinhas.
Ao fim da tarde apanhamos o barco de regresso a Olhão.
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