terça-feira, 27 de agosto de 2019

Mosteiro de Lorvão

"Portugal 
eu tenho apenas vinte e dois anos e tu às vezes fazes-me sentir como se tivesse 800". 
Os versos de Jorge Sousa Braga  significam  o peso da história  do país onde se  nasce, como  algo  que se carrega aos ombros, visceralmente ligado ao indivíduo.
O Mosteiro do Lorvão representa perfeitamente essa ideia de história e do seu peso. É o mais antigo mosteiro da Península Ibérica,  fundado no século VI, anterior à fundação de Portugal. Incorporou inicialmente elementos celtas, visigóticos e suevos e, no século XIII, aderiu à ordem de Cister. Foi uma ordem feminina até à sua extinção em 1834. 
Acompanhou  as vicissitudes históricas e a evolução religiosa da Península. Não foi alheio às diversas reformas políticas e às épocas em que as ordens religiosas foram mais ou menos importantes, toleradas ou perseguidas. Serviu de residência a famílias de Lorvão, esteve praticamente abandonado até aos anos 40 do século passado,  foi hospital psiquiátrico.
Historicamente muito relevante, mas desproporcionado em relação ao local onde se situa. Resquício de um passado em que as ordens religiosas ocuparam extensos territórios e foram crescendo em poder económico e influência,  por doações régias e heranças. Do ponto de vista cultural, teve um papel muito importante, nele foram escritos alguns dos documentos mais antigos de Portugal, um deles: "O Apocalipse do Lorvão", do século XII, guardado na Torre do Tombo. Não faço ideia do que trata, mas que o título impressiona, impressiona. 
Resta  um mosteiro com  espaços e  objetos valiosos a ganhar pó, a necessitarem de restauração e de maior visibilidade. Estrutura  pesada e subaproveitada, reflexo de um país que não valoriza devidamente  o seu património e de um local muito pequeno, o concelho de Penacova, que não sabe muito bem o que fazer com este elefante dentro da sala. 
O nosso guia foi o senhor José Rodrigues Pisco, historiador de arte e natural de Lorvão. Não podíamos ter estado em melhor companhia. 

Órgão de tubos. Final do séc. XVIII


Nossa Senhora da Vida. Séc. XIV. Estilo Gótico. Pedra de Ançã. 

Cadeiral


Túmulo de uma abadessa. As abdessas eram senhoras de origem nobre, quando sepultadas eram colocadas deitadas. Enquanto que as mongas, de origem plebeia, eram enterradas no vertical. É visível nesta fotografia, uma supultura maior,  de uma abadessa, colocada horizontalmente, e três sepulturas do lado direito, de mongas colocadas verticalmente. 






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