Cientistas
surpreenderam-se com o derretimento – 70 anos mais cedo – do permafrost
Canadiano. A notícia da agência
Reuters referiu que este é o último sinal de que o aquecimento global está o ocorrer
de forma mais acelerada do que os cientistas previam e receavam. As temperaturas mais altas devastarão o sul
global e ameaçarão a viabilidade da civilização industrial no hemisfério norte,
reforçando a necessidade urgente de reduzir as emissões dos gases com efeito de
estufa.
“O derretimento do permafrost é um ponto de mudança da crise
climática e está a acontecer mesmo à frente dos nossos olhos. O
derretimento prematuro é um sinal claro
que temos que descarbonizar a economia, imediatamente.”, disse Jennifer Morgan,
Diretora Executiva do Greenpeace International.
O derretimento da camada de gelo permanente da tundra Canadiana também é notícia na revista Visão.
O derretimento da camada de gelo permanente da tundra Canadiana também é notícia na revista Visão.
De
acordo com Ted Glick, além desta terrível situação que a humanidade enfrenta,
há dois outros aspetos, interligados entre si, a ocorrer neste momento e que serão pontos de mudança, muito relevantes para o planeta: o tecnológico e o político.
Já existe tecnologia adequada para rapidamente transformar
a economia e produzir energia a partir de fontes renováveis, a preços acessíveis:
painéis solares, turbinas eólicas, veículos elétricos e outros. É necessário mobilizar a sociedade, como aconteceu na segunda guerra mundial, em que rapidamente a economia e a
sociedade agiram em torno de um objetivo comum, destruir os nazis e vencer a guerra. A guerra agora é outra - contra as alterações climáticas - mas exige igualmente uma intervenção pronta e urgente das nações.
Nos Estados Unidos ocorrem eventos e campanhas, como “The Poor Peoples Campaign”, manifestações dessa desejada transformação social
e ambiental.
O Green New Deal é um plano para políticas mais sustentáveis e favoráveis à descarbonização. Assunto importante no seio do partido Democrata, ganhou voz com a congressista de Nova Iorque Alessandra
Ocasio-Cortez. Propõe a conversão da economia baseada
na exploração dos combustíveis fósseis para as energias renováveis,
com a criação simultânea de milhões de empregos "verdes". Inspira-se na
política de choque do presidente Franklin D. Roosevelt, que tirou milhões de Americanos da
Miséria, após a grande depressão, o New Deal.
Glick propõe para os próximos dois anos, no contexto Estado Unidense, movimentos multiculturais
de base nacional, o voto maciço no dia 3 de novembro de 2020 (eleições
presidenciais) de pessoas de cor, jovens e progressistas contra Donald Trump; desobediência
civil não violenta. Só desta forma haverá hipótese de evitar o colapso
ambiental e legar àqueles que virão depois um mundo baseado na justiça e
no amor, no qual vale a pena viver e lutar.
Em Portugal, o discurso ambiental entra em força no discurso
político, ontem em Faro o tema da convenção
do partido socialista foram as alterações climáticas: será um mero oportunismo
ou serão verdadeiramente genuínas as intenções? O PAN obteve uma votação inédita
para o parlamento europeu, elegendo um deputado, e é
o único partido a subir nas sondagens depois das eleições europeias.
Quanto às políticas ambientais do Partido Socialista, foi muita positiva, talvez a melhor medida ambiental
tomada em Portugal nos últimos anos, a iniciativa do passe único nas regiões metropolitanas
de Lisboa e Porto. Registando-se
um aumento significativo do número de passageiros no primeiro mês: 26% em Lisboa,
16% no Porto. Contudo, a medida não poderá servir para esconder outras: a exploração de
lítio nas serras de Portugal, mobilizando autarquias e populações locais contra.
Nem o argumento da aposta nas energias renováveis pode servir: o lítio é usado
nas baterias dos carros elétricos. A exploração de lítio implicará o
desnudamento de muitas serras do
interior – mais
de 400 hectares só na serra da Argemela, concelho de Castelo Branco – a
destruição da maior de todas as riquezas, a biodiversidade, a deslocação de populações
e a destruição de condições ambientais únicas e aprazíveis das muitas localidades
afetadas do Alto Minho à Beira Baixa.
A mudança de rumo económico e de política, em nome do combate às alterações climáticas,
não pode servir de argumento para continuar a destruir a natureza: seja um Green
New Deal nos Estados Unidos, baseado num investimento maciço nas energias renováveis,
seja numa transição para veículos elétricos com baterias de lítio.
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