sábado, 30 de junho de 2018

Rota das Salinas, Lavos




No acesso ao Núcleo Museológico do Sal, na freguesia de Lavos, concelho da Figueira da Foz, há um pequeno armazém onde se vende sal, explorado pelo marnoto José Carlos Almeida.
Na loja do núcleo vendem-se produtos mais requintados: esfoliantes e relaxantes para o corpo, sal misturado com vários tipos de ervas aromáticas para condimentar diferentes pratos, os habituais pacotes de sal e belos sacos de pano e frascos de vidro com mais sal.  Os produtos são biológicos, certificados pela SATIVA.
Ao contrário do sal industrial, cuja lavagem no processo de fabrico lhe retira os minerais, o sal tradicional - o produzido na Figueira da Foz tem 36 minerais marinhos, um dos quais o Iodo - é bastante mais salutar, se consumido com moderação.  
Este ano ainda se produziu pouco sal, devido à muita chuva que caiu. O mar encontra-se a 3 km de distância e a água salgada, apenas nos dias de lua cheia e maré alta, chega às salinas pelas comportas que são abertas.   
A flor de sal é uma fina película que se mantém à superfície da água, é menos concentrada e fica a flutuar. De acordo com os nossos guias é a melhor do país e bastante mais barata do que em França: 1 Kg custa 6€ na Figueira da Foz, em França, 30€. Deve ser colocada uma pitada muito ligeira após a  preparação da refeição, o sabor é intenso.

Somos esperados pelas doutoras Jéssica e Zara, historiadora e bióloga, que nos acompanham na visita.
Foram-nos transmitidas muitas informações sobre Lavos, a sua história e produção de sal. Uma das mais interessantes é a história de Dona Berengária, neta do rei dom Afonso Henriques, que casou com o rei Valdemar da Dinamarca.
O rei estava viúvo.  A esposa anterior era muito popular e possuía os traços fisionómicos das mulheres nórdicas: pele branca, loira, olhos azuis. Dona Berengária era morena, de cabelo e olhos negros, feições bizarras aos dinamarqueses, para quem o negro estava associado à feitiçaria e malvadez.  Dona Berengária ficou conhecida como a “princesa Diabólica”. Contudo, o rei consumou o casamento e tiveram filhos importantes na história da Dinamarca.
O contacto com a corte dinamarquesa foi responsável pela introdução do consumo do bacalhau na corte portuguesa. Os Vikings, que fizeram várias razias na costa portuguesa, comiam bacalhau.  É provável que o povo estivesse    familiarizado com o seu consumo.  
Para conservar o bacalhau era necessário sal. Sal e bacalhau passaram a estar muito associados na cultura portuguesa a partir da idade média.
Vêem-se ao longe uma série de flamingos numa das salinas, é uma ave muito tímida. Se nos aproximarmos demasiado eles começam a afastar-se. Comem um crustáceo transparente de tonalidades rosa e laranja, a artémia, que existe em abundância nestas águas.  
O percurso tem o seu início no Armazém de Lavos, cerca de 2, 5 km de comprimento e está sinalizado com as linhas vermelhas e amarelas de pequena rota.
Aconselho a colocar repelente de insetos:   as águas estagnadas, a humidade e o calor atraem muitos mosquitos. Fui picado diversas vezes.
No mês de agosto decorrerão eventos muito interessantes no Núcleo Museológico do Sal, ver o programa aqui:



Na freguesia de Buarcos visitamos o museu etnográfico que guarda o precioso espólio do republicano e benfeitor local Augusto Goltz de Carvalho, falecido há 100 anos.









No regresso ao Norte paramos no miradouro da Vela, na Serra da Boa Viagem, de onde se avista uma grande extensão da costa e as localidades de Buarcos e Mira. Para o interior avista-se a serra do Buçaco.



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