O Gerês é um local onde regressar
é sempre uma alegria, não importa quantas vezes e com que frequência. Não cansa.
As paisagens, mesmo que vistas frequentemente, continuam a surpreender e a reconfortar os olhos. Melhor ainda quando se entra na serra com bons companheiros, longe
dos carros e da confusão diária, descobrindo novos trilhos, recantos e
enquadramentos paisagísticos. Entre o silêncio e a musicalidade própria da
natureza: o som de um regato, uma ave, o vento a soprar subtilmente na vegetação. Observar o recorte azul das serranias a estender-se até onde o horizonte permite, num silencio respeitoso e contemplativo. Sentirmos-nos num estado interior
de exaltação, ganhando forças para regressar mais bem-dispostos à
labuta diária e ao início de mais uma semana.
Iniciamos o caminho na Portela do
Leonte por um trilho indefinido, não sinalizado, nem sequer com as tradicionais
mariolas que os pastores e pessoas da serra foram erigindo como forma de orientação
e marcação de caminhos ancestrais, calcorreados há centenas de anos. Seguimos
pelas encostas da Laje e de Istriz debaixo de acácias, que felizmente serão abatidas.
Subimos debaixo da sua vegetação densa. Por vezes deparamo-nos com medronheiros
carregados de frutos doces e servimo-nos deles, fruindo a sua generosidade. Confundidos,
às tantas, pela falta de um trilho nítido, mas sempre confiantes que chegaríamos
ao topo da encosta, próximo do magnificente rochedo do Pé de Cabril. Vimos a barragem da Caniçada a estender-se ao
longe, no fundo do vale. Finalmente, encontramos as mariolas e a partir dali o
regresso foi simples e fácil. Passamos à frente do rochedo e começamos a
descida em direção à Portela. Com muito cuidado nas zonas mais sombrias, onde o
gelo envolvia as rochas e partes do trilho – um passo mais desatento era o suficiente
para dar uma valente escorregadela, ter uma entorse ou pior. Ainda deu para ter
um vislumbre da barragem de Vilarinho das Furnas, do outro lado do planalto.
No regresso falamos de muita coisa:
de ursos, lobos, silhas e fojos. Do significado destes termos, do tempo em que as
populações locais construíam resguardos para as colmeias - as silhas - e
armadilhas - os fojos. Do desaparecimento
dos ursos, da mata da albergaria e da introdução de espécies exóticas como o
cedro. Terminamos a celebrar, com bolo e vinho tinto, um aniversário e um Domingo bem
passado.
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Início do trilho. Portela de Leonte |
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A barragem da Caniçada, ao longe |
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Medronho |
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Pé do Cabril |
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Hora do almoço |
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A aproximação ao Pé do Cabril |
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Formas antropomórficas dos afloramentos rochosos, ou o que a imaginação de quem as olha lhes quiser atribuir: mamilos, camelos, ... |
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... pés invertidos |
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Olá! |
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Vislumbre da barragem de Vilarinho das Furnas |
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A campeã das mariolas |
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Antiga casa do guarda florestal na Portela do Leonte |
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Cavalo selvagem, frequentes no Gerês. Também chamados garranos. |
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