O percurso começa junto à ponte de Tabuaço, que divide as
freguesias de Lobão e Sanguedo, na Rua Nossa Senhora da Livração, ao pé do
coreto e da capela do mesmo nome. Várias vezes ouvi falar neste passadiço e
existem muitos blogues e referências aqui na net. Chegou o momento de o
conhecer.
É um pequeno trajeto, talvez de uns 4 km, ida e volta, muito
acessível, quase sempre sobre ripas de madeira e terra batida, bem delimitado
e com painéis interpretativos da flora e fauna local. Sempre ao longo do rio Uíma, pequeno curso de água que nasce em Romariz e
corre em direção ao Douro, onde desagua.
O site do percurso e parque encontra-se aqui. Permite descarregar guias áudio.
Destaca-se a vegetação ripícola: amieiros, choupos,
salgueiros, … que crescem nas margens húmidas. Quanto à fauna: a cobra-de-água
(Natrix maura), a águia-de-asa-redonda
(Buteo buteo), salamandras
(lusitânica e de pintas amarelas), morcego-anão (Pipistrellus pipistrellus), sapos, enguias - será mesmo que ainda
existem nestas águas? É o que aparece escrito nos painéis, mas acho pouco provável, devido à situação de risco em que se encontra a espécie - assim como as lontras. Quanto a outros peixes, a Boga.
Olhei atentamente para a água límpida e translúcida mais de
uma vez e não vi um único peixe.
O passadiço foi inaugurado em 2014 com fundos do QREN e no
âmbito do projeto 100000árvores, cujo objetivo é plantar na área metropolitana
do Porto este número de espécies endémicas.
Para conhecer o projeto clicar aqui.
É muito meritória a recuperação e a devolução de uma zona
verde à fruição do público, respeitando o habitat local e privilegiando a
reflorestação com as espécies mais tradicionais. Trabalho que na minha opinião
devia ser estendido a outras zonas do concelho e aos municípios vizinhos,
através da criação de uma rede intermunicipal de percursos pedestres, que
interligue diferentes zonas e habitats.
São visíveis algumas práticas agrícolas nos prados
adjacentes. De acordo com as informações de um senhor com quem nos cruzamos,
existia um moinho para lá da ponte romana do Carrasqueiro, onde se fazia
farinha. Fomos ver a ponte e fiquei com dúvidas se será mesmo Romana.
Uma descrição interessante no Sítio da Preta, sem autor,
relata os primeiros amores proibidos e mergulhos nas margens do rio. Memórias de uma época não muito distante em
que a natureza oferecia possibilidades de banhos em riachos abundantes de água,
e não só, totalmente despoluídos, ricos em vida animal, ao pé da cidade do
Porto.
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