Vamos de Bigorne a Penude, ao longo da EN2, debaixo de um vendaval de chuva, vento e frio.
Existem desvios pelo interior das aldeias, confusos e mal marcados que baralham totalmente o peregrino. Em Magueijinha vi setas amarelas a apontar em direcções opostas. Parece que alguém andou a brincar com os peregrinos em atos de vandalismo. Ou então é incompetência da Câmara Municipal de Lamego, responsável pela marcação do caminho dentro do seu concelho.
Recomendo seguir sempre pela EN2 entre Bigorne e Lamego, enquanto não se fizerem marcações decentes no interior das aldeias.
Outra falha neste concelho é a passagem pelo centro da cidade. Lamego tem um património histórico rico e diversificado, o caminho deveria passar pelos principais monumentos da cidade para os dar a conhecer e não passa. O pior troço do CPSI até ao momento.
De Lamego a Peso da Régua são mais 13 Km de estrada, sempre pela EN 2. A paisagem muda, entramos na zona demarcada do Douro e aparecem os socalcos.
Sempre chuva, vento e frio. Marcações irregulares, mal desenhadas e a estrada de alcatrão com curvas e contracurvas pelos socalcos até ao rio douro. O trajeto torna-se monótono e cansativo. Estamos exaustos, molhados e mal humorados.
Decidimos terminar o caminho no Peso da Régua e apanhar o comboio para o Porto. Talvez ainda este ano possamos retomar o caminho a partir desta cidade e seguir até Santiago, com melhores condições atmosféricas.
Encontramos os BTTistas na estação de comboio. Desistiram do caminho pelas mesmas razões que nós. Estão frustrados. A chuva persistente e terem de realizar o caminho sempre pela EN2 levaram-nos a optar por esta decisão. Os caminhos de terra enlameados e cheios de água foram obstáculos muito difíceis de transpor.
O regresso ao Porto foi agradável. Relembramos as peripécias, vimos as fotos e filmes do caminho, contamos as nossas histórias de bicicleta e a pé.
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Antes de iniciar o caminho pensei na probabilidade que teria de encontrar outros peregrinos. Caminhei com dois amigos que conheci em Viseu e não encontramos mais nenhuns peregrinos, excepto os BTTistas.
Se tivesse iniciado a jornada no dia anterior teria encontrado alguém?
Desde a inauguração do caminho, em Abril de 2012, passaram pelo albergue de Almargem apenas 51 peregrinos e no de Ribolhos 10. O mais provável seria caminhar totalmente sozinho.
Há quem acredite que nada acontece por acaso, que tudo tem uma razão de ser.
Que cordas do destino se teceram para nos encontrarmos neste caminho?
Lamego |
Lamego |
Pontes sobre o Douro em Peso da Régua |
3 comentários:
Parabéns pelo seu relato e pela aventura. Há uns meses fiz o troço do caminho do concelho de Viseu e gostei muito, mas também me apercebi da sua dureza, não só devido ao terreno, mas também devido ao isolamento em relação às populações. Acredito que seja muito duro fazê-lo integralmente.
Cumprimentos e boas caminhadas
darasola
Acredito que seja muito duro fazê-lo integralmente.
É isso que pretendo descobrir nas restantes etapas.
Obrigado
Fiz o caminho em setembro de 2012 e no concelho de Lamego deparei-me com o mesmo problema das marcações.
Totalmente erradas e em sentidos contrários, pelo que me perdi por duas vezes, pelo que decidi seguir pela EN2.
Já enviei um email à Camara de Lamego, mas pelo que parece nada fizeram.
BOM CAMINHO
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