Os Távoras e o duque de Aveiro foram implicados no atentado
ao rei D. José I. Toda a família Távora foi massacrada por ordem do impiedoso e crudelíssimo Marquês de Pombal – com a matriarca a ser supliciada em último lugar, forçada a
assistir previamente à morte dos queridos filhos. O
Duque de Aveiro exilou-se algures, escapando ao terrível destino. Todos os bens e terrenos foram confiscados
pela coroa real com o juramento de neles “nunca mais crescer uma única planta”,
sendo cobertos com sal. O episódio trágico ficou registado no nome do beco, “Chão
Salgado”, em Belém, assinalado com uma discreta coluna de pedra.
Um fontanário protegido por grades de ferro num beco
quadrado, ao fim de uma travessa recôndita, junto ao Cais do Sodré, fornecia
água do aqueduto - não sei se ainda - aos habitantes dessa ruela de casas decrépitas,
com a roupa a secar na cordas e varandas. Um sítio muito silencioso, pelo menos
à noite.
A escadaria da rua da Emenda: lembrei-me do ditado “Pior o
Soneto do que a Emenda”, que não tem nada a ver com o nome da rua, a caminho da
travessa das Chagas e da rua de Santa Catarina. Subimos com toda a pedalada: o
segredo está na forma como respiramos para não cansar tanto.
O Chiado cheio de gente que começa a sair dos
restaurantes para os bares do Bairro Alto, muitos turistas e polícia no largo
de Camões.
A manhã de Domingo está com um sol magnífico, como tem que
ser em Lisboa. Na Mouraria um Graffiti da Severa em pose e roupa de puta. As
casas de fado que estão a ser encerradas por ordem dos novos residentes
Franceses que apreciam o silêncio. Na Costa do Castelo um trocadilho na parede:
“Gosta deste Castelo?”. Não sei, não o visitei. Uma questão que os habitantes
locais saberão responder muito melhor do que eu, eles que assistiram a muitas
transformações nos últimos anos.
O Botequim da Natália
Correia - julgo que ela era a proprietária
- local de tantas histórias e confidências, relatadas por uma testemunha privilegiada, o Fernando
Dacosta, no livro “O Botequim da Liberdade”. Retrato delicioso de Portugal e
de Lisboa das últimas décadas do século XX, de muitas personagens da política e da cultura
Portuguesa contemporânea que o frequentaram, e da vida desta Açoriana
excêntrica, sem papas na língua. Mulher apaixonada e apaixonante.
A missa está a acabar na igreja da Graça e sentamo-nos na
esplanada junto ao busto da Sophia Andresen que vivia a poucos metros daqui,
para quem a escrita restituía mundos e mitos perdidos.
A judiaria de Alfama onde um museu da cultura Judaica
está prestes a ser construído no largo de São Miguel. Pequenos arcos em ruelas
estreitas que sustentavam as paredes das casas, laranjeiras carregadas de
laranjas azedas, velhotas a vender ginjas, o cheiro das bifanas assadas na rua.
A nova praça das Cebolas e o estacionamento subterrâneo de
luxo, o passeio ao longo do rio até ao cais do Sodré. A avenida interrompida ao
trânsito por ser Domingo. Muitos turistas, músicos e artistas de rua
Brasileiros, acabadinhos de chegar a Portugal.
O som da Bossa Nova nesta Lisboa com um cheirinho exótico e tropical.
Memorial à infâmia sobre os Távoras e o Duque de Aveiro no Beco do Chão Salgado |
Botequim da Natália Correia |
"O Elevador da Glória,
O elevador da Glória...",
Rádio Macau, anos 80
|
Palácio de Queluz. Século XVIII |
Sem comentários:
Enviar um comentário