O parque natural de Somiedo fica mais ou menos a cinco horas de carro do Porto, na cordilheira cantábrica das Astúrias.
Possui inúmeros vales escavados e profundos, cumes e aldeias que ficam isoladas
pela neve no inverno, matos, bosques, pastagens e pequenos lugarejos
encavalitados nas encostas íngremes da montanha ou perdidos no fundo dos vales,
atravessados por riachos.
O parque tem vários trilhos
sinalizados, desde os de alta montanha, com um grau de dificuldade muito
acentuado, e outros de cariz bastante mais acessível. É só pedir mais
informações na oficina de turismo de Pola de Somiedo, a principal localidade do município.
A Ruta de Valle del Lago (PR AS -
15.1) está marcada com as riscas brancas e amarelas, é um percurso acessível,
realizado em parte por um largo estradão de terra, desde a aldeia de Valle del
Lago até ao Lago del Valle. A informação PDF, em Castelhano, encontra-se aqui.
Seguimos até ao lago,
artificialmente criado através da construção de um açude na ribeira do vale, pelo
trilho mais a norte e regressamos pelo lado sul, ao longo da encosta da montanha. Um caminho mais elevado e irregular que permitiu observar, de uma perspectiva mais abrangente,
a paisagem. A encosta não é tão fácil como o lado norte, ganha, porém, na diversidade de panorâmicas,
vegetação e fauna: um cervo fugidio subia a cascalheira ao longe e carvalhais bordejam uma parte do trilho.
Os abrigos, de forma circular e tectos de colmo, são
inconfundíveis, junto da sua braña (prado).
O grande ex-libris e símbolo
da região, pela raridade e por ser o último reduto da espécie na península
Ibérica, é o urso pardo. Esteve em vias de extinção e hoje calcula-se que
existam cerca de 100 indivíduos dispersos pela cordilheira cantábrica, sendo o
parque natural de Somiedo o que tem a
maior densidade de ursos. A população aumentou muito nos últimos anos devido
aos esforços ambientalistas. Uma das medidas adoptadas foi a plantação de
cerejeiras nas montanhas: os ursos são grandes apreciadores de cerejas. Outra
foi a colocação de alimentadores em locais específicos de passagem. Existem
queixas de pilhagens de colmeais pelos ursos, que estoicamente suportam as
picadas de centenas ou milhares de abelhas por um punhado de mel.
Placa que indica o início da aldeia onde começa o trilho |
As casas tradicionais que foram adaptadas a bungalows |
Características do percurso no início do trilho |
A placa indica o desvio para o rio Saliencia, ao longo do qual e das branãs envolventes existe outro trilho sinalizado |
Lago El Valle |
Abrigo tradicional na margem do lago |
As Astúrias é uma região
produtora de sidra, tem até uma comarca da sidra, assim como nós em Portugal
temos as regiões demarcadas do vinho. Há uma forma tradicional de beber a sidra,
que é colocar a garrafa um pouco mais alto do que a cabeça e vertê-la para um
copo colocado na outra mão. Pouco recomendado a gente inexperiente porque não é
fácil acertar com o copo. Para evitar que o chão fique sujo e molhado com os restos
de cidra, há recipientes junto das mesas onde caem os desperdícios.
Enche-se o copo até um quinto,
bate-se na mesa (para fazer borbulhar a sidra) e bebe-se de golada.
Sidras a refrescar no rio Somiedo |
1 comentário:
Muito bom
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