Resolvi repetir o caminho de
Santiago, de Grijó ao Porto. Fi-lo há uns anos atrás ( ver o meu post de 2 de Julho de 2009). Nestes anos decorridos muitas coisas importantes
aconteceram, nomeadamente a inauguração de um albergue de peregrinos em Grijó,
o que muito me orgulha. Parabéns à Confraria dos Amigos de Santiago de Grijó
pelo excelente trabalho que têm feito em prol do caminho e da sua divulgação.
É com alegria que vejo peregrinos
de vários países a passar de mochila às costas. Geralmente abrando o carro, dou
uma buzinadela, ponho a cabeça de fora e desejo-lhes Bom Caminho. São uma
lufada de ar fresco numa terra pouco habituada a vê-los.
Confesso que não conheço o
albergue, nem as suas condições - foi inaugurado em Junho de 2014. Os contactos
estão na entrada, os peregrinos só têm que telefonar.
Iniciei o caminho na Capela de
Santa Rita, uns 900 metros antes do Albergue, que se encontra mesmo à face da
estrada, e segui as setas amarelas até ao Porto. Está sempre muito bem
sinalizado e não tem nada que saber. O trajeto sofre, contudo, dos defeitos de
caminhar por estrada em Portugal. Muitas vezes não há passeios, quando existem
são estreitos, há viaturas constantes, muito barulho e fumo, em detrimento de
melhores condições para os peões.
Na serra de Canelas, em dias de
calor, o peregrino sujeita-se a apanhar muito pó, devido aos trilhos marcados
pelos inúmeros motards e BTTistas que vão para ali, principalmente aos fins –de-semana.
Também aqui apanhei ruídos de motas que faziam cross.
Contudo, a melhor parte do
trajeto é mesmo esta, logo no inicio da Serra há um estradão comprido de
empedrado, que atravessa mato com muitos sobreiros. Um recanto bucólico, mesmo
ao pé do Porto, a merecer uma intervenção no sentido de promover este valioso
recurso natural.
As freguesias semi rurais de
Grijó, Sermonde e Perosinho são as ultimas onde ainda é possível, por vezes, encontrar algum sossego e tranquilidade antes
da caminhada final até ao Porto. Chegado à Estrada Nacional 1, logo após a
Serra da Canelas, não mais há sossego. O Caminho faz-se sempre dentro da malha
urbana do grande Porto, cada vez mais densa, até ao centro da cidade. Para mim
foi desagradável e só mesmo a vontade de querer verificar as condições do
caminho, me fez realizar o percurso.
Há uma alternativa de caminhar
mais dois quilómetros pela serra de Canelas e entrar na estrada nacional mais à frente,
junto ao viaduto da auto estrada. É uma questão de estar atento às setas
amarelas e fazer o desvio no sítio certo.
Há muitas tascas, mercearias e
cafés. Para um caminhante como eu, que saiu de casa no próprio dia, não é
necessário ir carregado com água e comida, os locais para abastecimento são
muitos, a não ser que seja feriado ou domingo.
É incrível chegar ao porto. A panorâmica
sobre a cidade é sempre comovente e incansável de ser vista, creio que para
todos os que estão emocionalmente ligados a ela, como é o meu caso.
“Do alto destas pirâmides 5000 anos de
história nos contemplam”, disse napoleão quando conquistou o Egipto. Eu digo, emocionadamente,
olhando a Ribeira do Porto e o Rio Douro do tabuleiro superior da ponte, que
centenas de séculos de História nos contemplam. É história que se respira
quando se vê um local tão antigo e charmoso, cujo perfil ribeirinho pouco deve
ter mudado desde o século 14. Deve haver poucos locais em que história,
natureza e arquitetura se complementam tão harmoniosamente.
O Porto está cheio de turistas e
ainda bem. Ouço falar muitas línguas quando atravesso a ponte. Termino a
caminho no interior da Sé, sento-me e descanso. Regresso a casa de camioneta.
Ao sábado é chato, os transportes públicos são mais irregulares.
Os peregrinos que continuam
caminho até Santiago encontrarão muitos outros pontos com interesse e história.
Capela de Santa Rita, Grijó |
A avenida do Mosteiro de Grijó |
Palavras para quê |
Torres da igreja de São Lourenço, vistas a partir do terreiro da Sé |
Nave da Sé |
Tabuleiro superior da ponte D. luís |
Avenida D. Afonso Henriques, ao fundo a igreja dos Congregados |
Porto, Porto, Porto |
Ponte D, Luís |
Que mais posso dizer |
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