Cruzo-me várias vezes com José, pouco falamos um com o outro, excepto dizer as convencionais expressões de “Holla”, “Buen Camino”, “Gracias”, “Hasta logo”.
Nos últimos quilómetros a etapa endurece bastante. Começa a subida para o Cebreiro: neve, vento frio de frente, muita lama e água no caminho. Novamente cruzo-me com José e digo-lhe:
- Merecemos um bom albergue quando chegarmos.
- …e de um bom vinho – responde ele.
Com esta frase José subitamente tornou-se-me muito mais familiar e próximo, deixou de parecer um estranho. Descobri-lhe um ponto em comum muito forte comigo, apreciador de vinhos.
Chego derreado ao albergue, todo encharcado e enlameado. Lavo alguma roupa à mão, contudo há apenas uma secadora que demora um tempo interminável a secar. Começa-se a formar uma fila de peregrinos. Ocupa-se o tempo conversando uns com os outros.
José lava roupa a meu lado e sugiro:
- Vamos beber um bom vinho mais logo.
- Parece-me muito bem – disse ele.
Lamenta a minha profissão de professor.
-Em Espanha é terrível, os professores simplesmente não têm nenhuma autoridade. Penso que Espanha tem o pior sistema educativo Europeu.
- Curioso, penso como tu em relação ao sistema Português.
José é Andaluz, vive e trabalha numa agência de seguros em Madrid, junto à Puerta del Sol.
No dia seguinte cada um seguirá o seu caminho separadamente.
No dormitório do albergue identifico as seguintes nacionalidades: Espanhola, Japonesa, Americana, Alemã, Francesa e Italiana. Sou o único Português.
À saida do albergue de Villafranca del Bierzo |
Peregrinos no início de mais uma etapa |
Antes de iniciar a subida para o Cebreiro, Vega de Valcarce |
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