O parque de campismo do Merujal encontra-se fechado nesta época do ano. Quem quiser tomar um café antes de iniciar uma das caminhadas num dos percursos sinalizados que podem ser começados aqui, deve caminhar mais um pouco até Albergaria da Serra e ali tem uma tasquinha.
Já perdi a conta ao número de vezes que realizei o Percurso Viagem à Pré-História, PR 15 de Arouca. Continuo a achá-lo muito bonito e com a vantagem de estar próximo do Porto. Demoro 50 minutos de minha casa ao Merujal. O que é excelente, encontrar um ambiente tão diferente dos arredores do Porto.
Há três anos atrás, num fim-de-semana muito frio em que nevou bastante nos pontos mais altos, vim aqui ver a neve, fiquei com o carro retido, tive de sair com a ajuda dos bombeiros e só dois dias depois é que o fui buscar. É fantástico ter estas diferenças paisagísticas e climatéricas relativamente próximo de casa.
O percurso está bem sinalizado, discorre ao longo do Rio Caima, das suas pequenas cascatas e azenhas abandonadas junto a Albergaria da Serra. Depois entra-se numa zona mais planáltica e despida onde se encontram com frequência manadas de raça Arouquesa a pastar pachorrentamente nestes prados. Uma raça robusta, de cornos compridos e encurvados, mas que não assusta ninguém.
Nesta zona há umas bétulas solitárias que dão um aspecto nostálgico à serra.
A Portela da Anta e a Mamoa do Monte Calvo são dois monumentos funerários da idade do Bronze, II milénio antes de Cristo. Esta é uma região habitada desde a antiguidade e os seus vestígios, que fazem parte do percurso, são a razão de se chamar Viagem à Pré-História.
Na aproximação à aldeia da Castanheira começam a ser visíveis as famosas “Pedras Parideiras”, fenómeno geológico raro no planeta, na Europa só existe em Portugal (aqui) e na Ucrânia. O nome deve-se ao facto de pequenos nódulos de granito se soltaram da pedra mãe devido à erosão.
A pedreira principal encontra-se vedada por arame. Junto a esta aldeia é possível, no entanto, apanhar muitas pedras “paridas”.
Entre Castaheira e Cabaços a subida é íngreme, uma parte do percurso um pouco desgastante atendendo a que para trás já havíamos realizado aproximadamente 12 Km de caminhada. Lá no alto via-se a ria de Aveiro e o mar, as encostas montanhosas do vale do Caima a estenderem-se até às principais localidades, todas elas bem visíveis: São João da Madeira, Nogueira do Cravo, Oliveira de Azeméis, Carregosa. Apesar das nuvens cinzentas a visibilidade era espantosa. Mais à frente avistou-se a Frecha da Mizarela – A cascata mais alta de Portugal e raios de sol a furar as nuvens.
Em certo passeio escolar à aldeia de Cabaços, alguns alunos rebaptizaram-na com o nome de “Sheetcity”. As ruas estão pejadas de caganitas e bosta dos mais variados animais, o cheiro a estrume é constante. Os currais estão sempre abertos para os animais passearem à vontade pelas ruas estreitas da aldeia e regressarem quando bem entenderem. Em determinado cruzamento é já uma vista clássica ver os galos e os garnizés à solta.
Subitamente junto de uma velha casa uma aparição: uma senhora idosa encostada ao muro olha-nos lá do alto da rua. As suas vestes pretas, o céu cinzento por trás dela, as encostas montanhosas ao longe…parece algo sobrenatural.
Em Cabaços tomamos o PR 7, passamos junto à parede de escalada e seguimos pela encosta Nascente da Frecha, ao longe o mar e a ria. Este troço está cada vez mais despido, ainda há uns meses atrás haviam aqui bastantes pinheiros, agora estão quase todos cortados e esta parte está hoje mais agreste e tristonha.
Chegados à estrada regional seguimos ao longo do rio Caima. Ainda tivemos tempo para beber uma cervejola no Restaurante Snack-Bar Ponto Alto, seguir depois até ao miradouro da Frecha, retomar novamente o PR 7, ver uns cavalitos a pastar no parque de merendas do Merujal, antes de chegar às nossas viaturas estacionadas junto ao Parque de Campismo.
Rio Caima na aldeia de Albergaria da Serra |
Albergaria da Serra |
Rio Caima |
Rio Caima |
Rio Caima, planalto da Freita |
Aldeia de Castanheira |
Pedra Parideira |
Castanheira |
A ria e o mar ao longe |
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