terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Na Demanda de Copenhaga




A luta contra o aquecimento global não está focada no interesse das pessoas mas sim no interesse do Negócio.

Todos falam em soluções para o aquecimento global, contudo todas elas estão enquadradas na filosofia do mercado e do lucro.

Em vez de preservar e expandir as florestas naturais que poderão mitigar o aquecimento global, há mais incentivos para o desenvolvimento de árvores geneticamente modificadas que absorverão maiores quantidades de Dióxido de Carbono, mas que simultaneamente reduzirão a biodiversidade.

A energia nuclear é vista por muitos como uma alternativa “verde”. Contudo, todo o processo desde as minas de urânio até à produção de energia é causador de danos. A contaminação por radiações de urânio origina doenças, principalmente cancro, um fardo que afecta muitas gerações.

Quando se propõem combustíveis alternativos, uma das opções são os Biocombustíveis obtidos a partir do óleo de palma. As florestas húmidas da Indonésia e Malásia estão a ser dizimadas com plantações de árvores para a extracção deste óleo.

Os “sumidouros” de carbono e o comércio das emissões de Dióxido de Carbono não solucionam o problema. Plantam-se árvores para poder continuar a poluir e os países pobres recebem dinheiro das grandes corporações em troca dos seus direitos de emissões de gases com efeito de estufa para que estas continuem a poluir.

Neste momento vive-se na ilusão de se criar uma economia verde, mas ao jogar de acordo com o mercado, estamos a permitir que estas corporações continuem as emissões poluentes.

A solução passa pela valorização do local, produzindo alimentos e energia localmente, tornando-nos menos dependentes das corporações.

A cimeira de Copenhaga, agendada pelas Nações Unidas para renegociar os Protocolos de Kyoto de 1997, nos quais se exigiam aos países ricos uma diminuição até 2012 das emissões de dióxido de carbono para níveis seis a oito por cento mais baixos que os de 1990, é encarada com um misto de cepticismo e de esperança.

Hoje, é evidente que os objectivos de Kyoto redundaram num fracasso. Compreender as razões que conduziram a esse falhanço é questionar os fundamentos do próprio sistema económico em que vivemos.

Não se pode resolver uma crise ambiental com as soluções propostas anteriormente.

Será a cimeira de Copenhaga mais um momento de boas intenções políticas e de discursos dos burocratas e políticos ligados a grandes interesses económicos?

A redução das emissões de dióxido de carbono significará uma contracção na acumulação do lucro e o fim do actual sistema económico tal como o conhecemos.

Os encontros de Copenhaga são considerados por muitos como um momento extremamente decisivo, a partir do qual se seguirá em direcção à catástrofe ambiental ou não.

Há três grandes desafios a ultrapassar em Copenhaga:

Redução das emissões de dióxido de carbono em 45 % até 2020, tendo por base os níveis de 1991.

O fim dos Mercados de Carbono.

O pagamento de indemnizações às vitimas climáticas.

Realisticamente, não sairão soluções milagrosas da conferência, contudo os movimentos globais poderão ter uma grande influência e pressão na tomada de decisões correctas e ambientalmente aceitáveis.

Dados científicos indicam que o prazo para evitar as alterações climáticas irreversíveis está-se a esgotar. Por exemplo, o metano existente debaixo da camada de gelo da tundra está a ser libertado para a atmosfera devido ao degelo e o efeito de Albedo está a diminuir devido ao desaparecimento gradual dos mantos brancos das calotes polares.

De acordo com esses dados, 350 É o nível de partes por milhão (ppm) de toneladas de dióxido de carbono existente na atmosfera acima do qual se correrão sérios riscos de irreversibilidade nas alterações.

Actualmente o número de ppm de CO2 é de 390, a subir a uma média de 2 ppm por ano.

Vamos exigir que em Copenhaga surjam compromissos sérios na demanda da redução das emissões globais de CO2 e se chegue às 350 ppm.

Documentos de referência:







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