domingo, 2 de janeiro de 2022

Valongo

 

Estrada Nacional 15



Deixamos o carro no parque de estacionamento das Azenhas.  Revisitei alguns locais que fiz na saída de Campo do FAPAS, ao parque das Serras do Porto. Descemos lá abaixo às margens do rio Ferreira e visitamos a fraga do Castelo,  um  rochedo de 50 metros de altura, onde se faz escalada.  Descida ingreme a exigir  cuidado, colocando os pés devagar nas lajes de ardósia para não escorregar. Moinhos abandonados na margem  e um caudal muito forte que em algumas zonas formava remoinhos. O cheiro desagradável que exalava do rio,  juntamente com a humidade e o bafio,  por ser um sítio escondido e com sombra, não nos deu vontade de ficar ali mais tempo. Um painel informativo diz que aqui se tomavam banhos, imagino que sim, este sítio, sem a poluição da água, teria sido um local espetacular para isso, mas agora não, nem pensar. A pele ganharia pruridos e outras doenças, o cheiro a químicos diz tudo.

Seguimos até ao parque da cidade de  Valongo pelo PR2,  ao longo da margem do rio Simão,    e regressamos pelo mesmo trilho ao estacionamento. Outros  trilhos sinalizados cruzam-se com este, estradões de terra seguem para outros pontos  da serra e em direção a Couce, em Gondomar. Com mais tempo  e vagar há  aqui,  ao pé do Porto,  a oportunidade de explorar a história de Valongo de uma forma desportiva e saudável, caminhando, lendo as informações nos painéis dispersos pelos trilhos e visitar os locais museológicos relacionados com a exploração mineira, o ouro dos romanos e o fabrico do pão, uma forte tradição de Valongo.

Passamos no centro da cidade, vistamos o agrupamento de escolas de Valongo,  Vallis Longus, relembramos outro tempo. Deambulamos um pouco pela estrada nacional 15, observando a quantidade de casas cuja fachada é em azulejo, fomos ao parque centenário e petiscamos na tasca do mesmo nome. A fábrica das famosas bolachas Paupério é a três minutos a pé daqui, mas está fechada. Nesta mesma praça fica a Oficina do pão, da regueifa e dos biscoitos de Valongo.

Digo isto sem qualquer conhecimento, reproduzindo apenas o que ouvi de quem sabe, correndo o risco de omitir informação importante e errar outra: a tradição do pão de Valongo está relacionada com os colonos romanos que vinham explorar o ouro, era necessário alimentá-los e plantar cereais, daí o nome da localidade de Campo.  A tradição ficou e séculos mais tarde ficaram famosas as padeiras de Valongo que iam vender pão ao Porto.

Há pouca gente na rua, os altifalantes emitem músicas de natal americanas, uma enorme esfera iluminada com luzes brilhantes está no centro de uma das praças, as outras têm mais luzes  e enfeites. Acho completamente desfasado este tipo de iluminação e de música, não é culpa de Valongo, é assim em todo o lado nesta época do ano.  Faz-se assim e não se pensa  mais nisso.  Na minha opinião não se perdia nada em desligar os altifalantes e  substituir a música gravada, quase toda anglo-saxónica, por algo mais tradicional.  Nesta zona é tradição Cantar as Janeiras, porque não colocar grupos locais a cantá-las e fazer um presépio?