Estrada Nacional 15 |
Deixamos o carro no parque de
estacionamento das Azenhas. Revisitei alguns
locais que fiz na saída de Campo do FAPAS, ao parque das Serras do Porto. Descemos
lá abaixo às margens do rio Ferreira e visitamos a fraga do Castelo, um rochedo
de 50 metros de altura, onde se faz escalada. Descida ingreme a exigir cuidado, colocando os pés devagar nas lajes de
ardósia para não escorregar. Moinhos abandonados na margem e um caudal muito forte que em algumas zonas formava
remoinhos. O cheiro desagradável que exalava do rio, juntamente com a humidade e o bafio, por ser um sítio escondido e com sombra, não
nos deu vontade de ficar ali mais tempo. Um painel informativo diz que aqui se
tomavam banhos, imagino que sim, este sítio, sem a poluição da água, teria sido
um local espetacular para isso, mas agora não, nem pensar. A pele ganharia
pruridos e outras doenças, o cheiro a químicos diz tudo.
Seguimos até ao parque da cidade
de Valongo pelo PR2, ao longo da margem do rio Simão, e
regressamos pelo mesmo trilho ao estacionamento. Outros trilhos sinalizados cruzam-se com este, estradões de terra seguem para outros pontos da serra e em direção a Couce, em Gondomar. Com
mais tempo e vagar há aqui, ao pé do Porto, a oportunidade de explorar a história de
Valongo de uma forma desportiva e saudável, caminhando, lendo as informações
nos painéis dispersos pelos trilhos e visitar os locais museológicos
relacionados com a exploração mineira, o ouro dos romanos e o fabrico do pão, uma
forte tradição de Valongo.
Passamos no centro da cidade,
vistamos o agrupamento de escolas de Valongo, Vallis Longus, relembramos outro tempo.
Deambulamos um pouco pela estrada nacional 15, observando a quantidade de casas
cuja fachada é em azulejo, fomos ao parque centenário e petiscamos na tasca do
mesmo nome. A fábrica das famosas bolachas Paupério é a três minutos a pé
daqui, mas está fechada. Nesta mesma praça fica a Oficina do pão, da regueifa e
dos biscoitos de Valongo.
Digo isto sem qualquer
conhecimento, reproduzindo apenas o que ouvi de quem sabe, correndo o risco de
omitir informação importante e errar outra: a tradição do pão de Valongo está
relacionada com os colonos romanos que vinham explorar o ouro, era necessário
alimentá-los e plantar cereais, daí o nome da localidade de Campo. A tradição ficou e séculos mais tarde ficaram famosas as padeiras de Valongo que iam vender pão ao Porto.
Há pouca gente na rua, os
altifalantes emitem músicas de natal americanas, uma enorme esfera iluminada
com luzes brilhantes está no centro de uma das praças, as outras têm mais luzes
e enfeites. Acho completamente desfasado
este tipo de iluminação e de música, não é culpa de Valongo, é assim em todo o
lado nesta época do ano. Faz-se assim e
não se pensa mais nisso. Na minha opinião não se perdia nada em desligar
os altifalantes e substituir a música
gravada, quase toda anglo-saxónica, por algo mais tradicional. Nesta zona é tradição Cantar as Janeiras,
porque não colocar grupos locais a cantá-las e fazer um presépio?